236. André Osório, Sala de Operações

236. André Osório, Sala de Operações

João Duque

Da observação à operação parece não haver uma grande distância, apenas a da outra face da moeda. No primeiro livro de poesia de André Osório, Observação da Gravidade, a fixação da memória na casa da nossa identidade é o que fica gravado na operação da escrita. Esta operação é a luta agónica contra o esquecimento e a morte que nos acompanham ao longo da viagem da vida, na qual aquilo que carregamos se vai perdendo e gastando pelo caminho. O acto da escrita está longe do monumento horaciano, é uma operação interior, é o acto de abrir as janelas para dentro e percorrer o palácio da memória. O acto de recordar é semelhante à apanha da conquilha desse primeiro livro: apanhar o que está agarrado ao corpo, tendo como consequência a marca que permanece gravada, decalcada. O que se apanha, alimenta, mas o que fica gravado também se come com os olhos, permanecendo mais tempo. Há uma simbiose entre o eu e o mundo, uma confusão que inclui a própria poesia.

235. Anne Cova, Vanda Gorjão, Ana Isabel Freire, Ana Costa Lopes, Natividade Monteiro (org.), Mulheres e Associativismo em Portugal, 1914-1974

235. Anne Cova, Vanda Gorjão, Ana Isabel Freire, Ana Costa Lopes, Natividade Monteiro (org.), Mulheres e Associativismo em Portugal, 1914-1974

Elisa Fauth

O livro Mulheres e Associativismo em Portugal, 1914-1974, organizado por Anne Cova, Vanda Gorjão, Ana Isabel Freire, Ana Costa Lopes e Natividade Monteiro é resultado do projeto de investigação homónimo, financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT). Este compêndio reúne as comunicações apresentadas pela equipa do projeto em sua conferência final. Tendo como contributo inovador a interdisciplinaridade, apresenta análises históricas e sociológicas do associativismo feminino em Portugal ao longo do século XX, examinando minuciosamente o funcionamento das organizações femininas e explorando aspetos biográficos de várias das suas dirigentes. A obra está dividida em três partes: as «Associações fundadas entre 1914-1919», com cinco capítulos; as «Associações de oposição ao Estado Novo criadas entre 1935 e 1973», com dois capítulos; e as «Associações nascidas na década de 1960 e em atividade no 25 de Abril de 1974», com dois capítulos.

234.  Raymond Aron, Liberty and Equality

234. Raymond Aron, Liberty and Equality

Bernardo Santos

Within the tradition of modern democratic thought, it is common to encounter a multifaceted divide between the claims of two concepts that, although distinct, cannot be completely separated: liberty and equality. Since they are the cornerstone of democratic thought in itself, this apparent divide usually involves more of a balancing between both sets of claims rather than an outright opposition. Still, this tension has given rise to crucial conceptual and ideological distinctions. For instance, we find it in Rousseau’s and Locke’s variants of social contract theory, Constant’s distinction between ancient and modern liberties, socialism’s critique of capitalism, and more recently in the competing theories of justice put forth by egalitarianism and liberalism. The relation between liberty and equality is, thus, a core preoccupation of modern political philosophy, and liberal-democratic regimes continue to grapple with its pervasive challenges: should the claims of equality apply only to formal political and juridical liberties (namely, as equal rights), or should they extend to the substantial socioeconomic realm, through redistributive policies?

233. Tomás McAuley, Nanette Nielsen and Jerrold Levinson (eds.), The Oxford Handbook of Western Music and Philosophy

233. Tomás McAuley, Nanette Nielsen and Jerrold Levinson (eds.), The Oxford Handbook of Western Music and Philosophy

Inês Morais

Reviewing involves significant selection, simplification, and inevitable omission. Reviewing a book with 1134 pages requires (when one finally writes) considerable abstraction from the actual essays, theses, and arguments the book presents. I make mostly general comments, with the recommendation that the Handbook is read and used to inform teaching in these areas. I’ve learnt plenty.

232. Pedro Costa, As Filhas do Fogo

232. Pedro Costa, As Filhas do Fogo

Rodrigo Cruz Silva

A frase «Um dia saberemos porque vivemos e porque sofremos» sobressai no filme mais recente de Pedro Costa[1] e poderia ser escutada em qualquer uma das suas obras. Em As Filhas do Fogo, em vez da entoação recalcada das figuras do bairro das Fontaínhas, ouvimos a toada de três actrizes-cantoras[2] acompanhada pela melodia do ensemble Os músicos do Tejo. Os nove minutos desta curta-metragem musical abrem a porta a um género muitas vezes associado a uma técnica opulenta ou expositiva. No entanto, Costa, com o refreamento que habitualmente aplica à imagem e à palavra, lima sobriamente a música para criar um quarto escuro ainda mais enigmático.

231. Manuel de Freitas, Levar Caminho II

231. Manuel de Freitas, Levar Caminho II

Miguel Zenha

Levar Caminho II prossegue a reunião da poesia de Manuel de Freitas, indo desta feita de Levadas (2001–2002) a Estádio (2007). Comece por dizer-se que se confirma a ideia de que esta poesia dificilmente poderia estar mais longe de, se se quiser, querer transfigurar o quotidiano ou a realidade. Na verdade, Manuel de Freitas reputaria de risível qualquer tentativa em transfigurar o que quer que fosse. Daí não haver lugar a experimentalismos linguísticos — é também notória a contenção metafórica — numa poesia assente numa noção elementar e trivial de experiência. Não são, de resto, observáveis grandes manifestações de desobediência e angústia, nesta que se pode considerar uma escrita que funciona sobretudo enquanto decomposição desapiedada.

230. Lau Noah, A Dos

230. Lau Noah, A Dos

João Maria Carvalho

Hoje nasceu uma voz no início dos tempos. Nasceu na Catalunha de todos os lugares da Terra. Tem um nome em todas as línguas e em língua nenhuma. Lau Noah. A nossa boca abre-se quando o pronunciamos. É toda vento. As consoantes são poucas, e servem apenas a impulsão do sopro, prolongado no «h» final.

229. Jean-Luc Godard, Film annonce du film qui n’existera jamais: «Drôles de guerres»

229. Jean-Luc Godard, Film annonce du film qui n’existera jamais: «Drôles de guerres»

Rodrigo Cruz Silva

A curta-metragem Film annonce du film qui n’existera jamais: «Drôles de guerres» (2023)[1] é o último trabalho realizado por Jean-Luc Godard e foi lançada postumamente. Este trailer, que teve direito ao seu próprio trailer, é um esboço que reúne ideias, imagens e sons, e que se aproxima mais de um comentário de vinte minutos sobre cinema do que de um «annonce». Distancia-se, assim, de outros filmes de Godard sobre os seus próprios trabalhos: enquanto os Bande-Annonce divulgaram directamente algumas das suas obras, e os filmes-rodapé, como Scénario du Film ‘Passion’ (1982) ou Petites Notes à propos du film ‘Je vous salue, Marie’ (1983), são lições sobre cinema a partir das obras às quais fazem referência, este Film annonce distingue-se porque o filme referenciado não existe.

228. Bernardo Salgado, Do Soneto I ao Soneto 40

228. Bernardo Salgado, Do Soneto I ao Soneto 40

Maria Brás Ferreira

Do Soneto I ao Soneto 40 trata-se, como o título indica, de um conjunto de quarenta sonetos que Bernardo Salgado reúne agora em livro, após ter produzido envelopes de dez sonetos cada — Cadernos A, B, C e D ainda disponíveis neste formato —, publicações da chancela da 14 Versos, editora fundada pelo autor e por Joana Salgado. O soneto é uma forma lírica que conheceu ao longo dos séculos uma série de variações, como se fosse, por si, um medidor do tempo e do espaço, medidor da circunstância mais aparentemente insignificante, da linguagem mais privada, até se tivermos em conta o modo avulso e direccionado em que estes textos tradicionalmente se distribuíam. Ora, a escrita e a publicação de sonetos hoje produzem invariavelmente um efeito de suspensão do tempo ou, na melhor das hipóteses, a actuação da força furiosa de um contra-tempo. Um que se prolonga, todavia, além do incidente meramente ocasional e contingente para constituir uma carta-postal a chegar a alguma parte e que, tratando-se de um projecto editorial e autoral, detém um carácter colectivo e público sobre o qual importa reflectir. São textos que visam, com efeito, ser lidos, escutados e respondidos. Poemas que intentam ir além de uma aparição reprodutível, de uma publicidade imediata e descartável, excedendo os eventos em que tantas vezes a literatura (lamentavelmente talvez já nem como palavrão este termo incomode) se acha hoje confundida, obliterada e, afinal, desmerecida. Um acidente que, assim, detenha um pai, criador assumido, com a sua assinatura responsável, o cunho dessa espécie de orgulho condizente com a árdua faina de um ofício que se ama. De tudo isto é feito o livro — a ideia e o ideal de publicação — de Bernardo Salgado. Não se trata, pois, tão-somente de reconhecer, pelo formato do envelope que precedeu o do livro, o indício e o signo do diálogo e da correspondência. O envelope é já parte do livro, tal como os gestos e a vida são parte da obra por vir. Era, assim, já de obra que se tratavam os envelopes, o que nos conduz a um aspecto que parece fundamental para a poética de Salgado: a indistinção, aparentemente tão natural quanto louvável, entre a vida e a poesia, a fala e o verso (o autor faz regularmente leituras dos próprios sonetos), o escrito e o rasurado que a regra impõe, o que é endereçado a um destinatário particular e o que se publica e distribui por livrarias para que qualquer pessoa o leia e, no limite, o extravie. Também os acasos e os malogros são particulares, excepcionais e intransmissíveis no modo como penetram o real, alterando-o, obrigando-o a investir-se numa nova ordem. Assim, se a vida é a matéria bravia que a obra pode ou não enformar, a primeira é na segunda surpreendida necessariamente enquanto coisa outra, matéria transformada, transfigurada (porque convulsa, em busca de sentido) e partilhável: «Uma cenografia bem quieta/ Deixando que outros Vos rodem também» (12). Aquele que diz — são sonetos ditos, no limiar em que a voz é induzida à fisicalidade de uma boca que mexe e à melodia de um som que irrompe — ser a «Vossa Cobaia Milagrosa», vossa, isto é, dessa «Voz Todo-Poderosa», começa por instaurar um regime particular, senão mesmo excepcional, entre duas entidades, para tornar partilhável e disponível aos outros essa mesma figura abstracta e ideal que determina a sua existência e função. A partilha decorre de uma vontade de atenuar a sorte, o que não se faz por qualquer espécie de cálculo ou medição, mas pela soma e pelo acrescento indefinido de mais ocasos, de outra(s) sorte(s) de sortes: «Que outros vomitem Vosso Vaivém: / Abrandai e sossegai minha Roleta.» (idem).

227. Werner Herzog, The Twilight World

227. Werner Herzog, The Twilight World

Francisco Antunes

Em Dezembro de 1944, as tropas japonesas abandonam a ilha de Lubang, nas Filipinas, deixando para trás o tenente Hiroo Onoda, cujas ordens são as de defender sozinho a ilha, recorrendo a tácticas de guerrilha, até ao eventual regresso do Exército Imperial. As regras são, a partir daquele momento, determinadas exclusivamente por si. Em Setembro do ano seguinte, o Imperador japonês assina a rendição oficial do país e acaba o conflito mundial; a ordem de capitulação nunca chega a Lubang. Em Fevereiro de 1974, Onoda é encontrado, crendo ainda na perpetuação de uma guerra que terminara três décadas antes.

226. Nadejda Mandelstam, Contra toda a Esperança

226. Nadejda Mandelstam, Contra toda a Esperança

André Osório

Escrito em 1970, Contra toda a Esperança, de Nadejda Mandelstam, recém-traduzido em 2023 por Ana Matoso e Larissa Shotropa, tem a forma de um documento ficcional ou de um romance ensaístico, de quem, à força de esquecer a sua individualidade em nome de um falso progressismo histórico, excluiu o seu «eu» da arte narrativa, talvez, de um certo modo, para recuperar o próprio presente anulado em medo e perseguições (por oficiais ou pela própria comunidade, moralmente vigiando-se a si mesma), condição primeira para se poder sequer nomear uma individualidade, talvez para prestar testemunho, trazer à memória, sem adornos ou sentimentalidade, a verdade crua e nua que ficou subterrada do regime estalinista por vinte seis anos.

225. José Maria Vieira Mendes, O Pior É Que Fica

225. José Maria Vieira Mendes, O Pior É Que Fica

Guilherme Berjano Valente

O Pior é Que Fica (2023), de José Maria Vieira Mendes, é um livro que tem um prefácio e sete capítulos (cada um é uma peça teatral). Estes, que numa primeira leitura parecem estar ligados, apenas, tematicamente – questões de finitude, de materialidade, etc. –, quando relidos de acordo com a forma apresentada na contracapa – «o livro inclina a literatura dramática para a leitura em voz baixa» –, levam-nos a considerar a obra como um romance, começado com o nascimento de uma frase, prolongado através da sua luta em relação à sua finitude, e terminado num suspiro que a esvazia de dores e complicações.

224. Max Ophüls, Letter from an Unknown Woman

224. Max Ophüls, Letter from an Unknown Woman

Tiago Ramos

No prólogo de Letter from an Unknown Woman (Max Ophüls, 1948), Stefan Brand é desafiado para um duelo no qual não tem a intenção de participar. O seu plano é fugir da contenda. Porém, o seu mordomo, John, entrega-lhe uma carta por assinar que o fará encarar as suas responsabilidades. Stefan abre o envelope, retira a carta e antes de a começar a ler lava o seu rosto. Há uma ênfase no gesto de limpar a vista. De seguida, a personagem aproxima-se da secretária e ilumina a divisão em que se encontra, adensando, deste modo, a sequência de acções que figuram a ideia de que Stefan está a preparar-se para vislumbrar o seu passado com clareza. A leitura da carta por parte de Stefan convoca a voz de quem a escreveu. Esta é uma convenção no cinema, a de que a leitura de um documento desponta na mente do leitor a voz de quem o escreveu. A questão é que Stefan desconhece, naquele instante, a identidade da remetente, porquanto a carta não está assinada, o que desestabiliza esta convenção narrativa e confere à voz feminina que enuncia o texto uma qualidade misteriosa. Lisa, a mulher que redigiu a carta e se dirige a Stefan, manifesta-se primeiro enquanto uma voz sem corpo. A sensação é de que as palavras de Lisa, às quais temos acesso por meio da voz-sobreposta, são o murmúrio de um fantasma. As palavras que escreveu confirmam a sua condição fantasmática: «Quando leres esta carta, talvez já esteja morta... Se isto chegar até ti, saberás como me tornei tua quando não sabias sequer quem eu era ou sequer que existia.»[1]

223. Annie Dillard, Ensinar uma Pedra a Falar

223. Annie Dillard, Ensinar uma Pedra a Falar

Maria Brás Ferreira

Mais do que um ensaio sobre a relação - de contornos e ambição evolucionistas - entre o Humano e a Natureza, como num instante preliminar se poderia supor, Ensinar uma Pedra a Falar, de Annie Dillard, recém-editado pela Antígona, numa tradução de Inês Dias, constitui um texto sismógrafo acerca da experiência assombrosa que distancia, mas igualmente coloca numa tensão afectiva-criativa, os dois planos existenciais - entenda-se, plano cultural e natural -, intervalados a partir de um princípio ficcional, por oposição a um princípio metódico-científico. Seria, porventura, algo cínico procurar definir uma totalidade natural com base na experiência que o ser humano da mesma natureza retira, ainda que à primeira reconhecendo o estatuto da primordialidade. E, todavia, parece haver uma pulsão, essa, já referida, propriamente narrativa e ficcional, que impele o sujeito pensante a conceber o meio envolvente como uma dádiva para as suas projecções inventivas, criações imaginárias, ciente dessa invenção posterior, e não apenas como universo secundarizado, conforme a um ponto de vista solipsista, viciado e limitador. São as palavras - e neste livro quase tudo, ou pelo menos o melhor, pertence à ordem texturada da dicção - exemplos pontuais de uma relação imaginativa e, dessa feita, à partida desvirtuada, isto é, sem praticabilidade alguma que não constitua o seu próprio desvio, não obstante por isso mesmo se trate de uma relação vital. Ou para cujo reconhecimento não importa tanto a asserção de uma verdade, mas sobretudo o consolidar, a rimar com essa espécie de liberdade conquistada, da experiência, e desta traduzida em palavras, como memória futurante.

222. Maria Velho da Costa, Lúcialima

222. Maria Velho da Costa, Lúcialima

Miguel Zenha

Se quisermos escolher o motivo de Lúcialima, «empatia» será uma opção adequada. Ou então, como versões daquele sentimento, dedicação e perseverança. Ora, empatia opera em Lúcialima de maneira particular: não se deixando confundir com paternalismo, dá-se a conhecer como atenção a experiências, hábitos e convicções. Mostra-se desajustado pensar em vilões ou heróis em Lúcialima, o que não significa que as personagens sejam uniformes, planas ou sucedâneas umas das outras. Significa, pelo contrário, que este livro não oferece juízos morais peremptórios, uma vez que não se rege por um ânimo doutrinário demarcado. Lúcialima configura diferenças entre pessoas e contextos — entre experiências ou vivências — se bem que convergindo num traço especialmente saliente: o romance é atravessado por uma certa solidão. No fim de contas, empatia é um modo de lidar com a perda — com o falhanço de algumas crenças fruto do peso exercido pelo passado — sem, contudo, lançar mão de expedientes existencialistas, comiseração ou gáudio boçal. É, por isso, a recusa da mera melancolia, bem como de uma tendência desapiedada e fatalista de olhar para a realidade.

221. Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel, De Humani Corporis Fabrica

221. Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel, De Humani Corporis Fabrica

Tiago Ramos

Em 1543, Andreas Vesalius publicou De Humani Corporis Fabrica, um atlas anatómico que contribuiu para o avanço da medicina e para a institucionalização da prática da dissecação, na época um exercício proibido pelas ordens religiosas europeias. O compêndio está dividido em sete livros, cada um dedicado a uma parte do corpo humano, como sejam o sistema digestivo ou circulatório. O texto é acompanhado de xilogravuras que representam a parte do corpo alvo de investigação. No entanto, embora as gravuras tenham o desígnio científico de retratar o interior do corpo humano tal como este nunca tinha sido retratado, as ilustrações de Vesalius também têm uma preocupação artística. As representações são adornadas de elementos paisagísticos e os corpos são ilustrados em poses simbólicas. Esses traços não possuem qualquer utilidade científica, antes apontam para uma preocupação estética. Então, conclui-se que existe uma união entre o engenho artístico e científico. Sem a conciliação desses desígnios aparentemente opostos a obra de Vesalius não existiria com os contornos que tem, dado que foram os progressos verificados durante o Renascimento, no que à representação pictórica diz respeito, que lhe permitiram retratar o corpo humano com precisão científica.

219. Salwa El-Shawan Castelo-Branco, Susana Moreno-Fernández, e António Medeiros (Eds.), Outros Celtas: Celtismo, Modernidade e Música Global em Portugal e Espanha

219. Salwa El-Shawan Castelo-Branco, Susana Moreno-Fernández, e António Medeiros (Eds.), Outros Celtas: Celtismo, Modernidade e Música Global em Portugal e Espanha

Sara de Sousa

Outros Celtas: Celtismo, Modernidade e Música Global em Portugal e Espanha, publicado em dezembro de 2022 pela Tinta da China, surge como uma simbiose necessária entre etnomusicólogos e antropólogos, na sua maioria membros do projeto de investigação «O Celtismo e as suas repercussões na música da Galiza e no Norte de Portugal».[1] Sendo fruto desse trabalho, esta cuidada edição bilingue vocaliza o seu propósito, nomeadamente, o de ampliar a consciência do celtismo além do áxis arqueológico, através da sua influência como intercâmbio comercial e vetor identitário dentro da Península Ibérica.

218. João Dionísio, Os Livros de M. S. Lourenço

218. João Dionísio, Os Livros de M. S. Lourenço

Telmo Rodrigues

No Apêndice C de Os Livros de M. S. Lourenço, de João Dionísio, reproduz-se «o catálogo da exposição dedicada aos livros de M. S. Lourenço, que teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa […] nos dias 4 a 21 de maio de 2011» (p. 163).

217. Manuel de Freitas, Levar Caminho I

217. Manuel de Freitas, Levar Caminho I

Miguel Zenha

O primeiro dos três volumes que coligem a obra poética de Manuel de Freitas — o segundo saiu entretanto em Abril deste ano —, Levar Caminho I inclui os seguintes livros: Todos Contentes e Eu Também; BWV 244; Os Infernos Artificiais; Game Over; Isilda ou a Nudez dos Códigos de Barras; O Coração de Sábado à Noite e, finalmente, [Sic].