A realidade do futebol de formação é, nos dias que correm, muito diferente do que era há algumas décadas. A quantidade de jovens que pratica futebol disparou, e as instalações dos clubes, dos maiores aos mais modestos, são hoje uma segunda escola e, para alguns, um espaço de produção de talento. Foi justamente para saber mais sobre a relação entre a prática desportiva (neste caso, a prática do futebol) e o talento dos jovens que a ela se dedicam que decidi colocar algumas questões a um conjunto de seis pessoas ligadas à área: João Amado é Coordenador Técnico do futebol de formação do Clube Futebol Os Belenenses; Blessing Lumueno é Treinador de futebol, e está actualmente no escalão sub16 do Estoril Praia; Cláudio Botelho é actualmente Treinador adjunto nos sub-23 do Estoril Praia; José Boto foi Scout, Chief Scout, Director e Conselheiro no Benfica, e é actualmente Director de Scouting no Shakhtar Donetsk da Ucrânia; Mauro Mouralinho está no Benfica há 13 anos, começou na área do treino de jovens, depois no Scouting do futebol juvenil e está agora no Scouting do futebol profissional; Tiago Teixeira é Colaborador do Expresso como analista de futebol. As linhas que se seguem são menos uma entrevista do que uma conversa.

Num mundo ideal, os mais talentosos seriam também os mais bem sucedidos nas suas actividades. E há actividades em que, de facto, os mais talentosos costumam obter reconhecimento. Se excluirmos os factores extrínsecos à actividade de tocar piano, como seja uma doença, um pianista talentoso tenderá a ver o seu talento reconhecido. Em certos desportos, passar-se-á o mesmo. O melhor xadrezista é invariavelmente aquele que melhor tiver desenvolvido o talento para o xadrez. Há outros desportos, porém, em que ser muito talentoso não chega. É o caso dos desportos colectivos, dado que os interesses das equipas nem sempre coincidem com os interesses individuais de cada um dos jogadores. Em futebol, é perfeitamente possível que um jogador muito talentoso passe ao lado da carreira e nunca atinja o patamar de excelência que se lhe antevia. Mas, quando se fala em talento desperdiçado, geralmente pensa-se em atletas que o desperdiçaram por si próprios, por falta de profissionalismo, por má gestão da carreira, por obstinação, etc. Essa é uma realidade inegável, e todos conhecerão casos assim. Estou no entanto convencido que tais casos representem uma ínfima parte do desperdício. Muito mais significativo que o número daqueles que se perdem por não serem capazes por si mesmos de confirmar o talento que todos lhe reconhecem, apesar de todas as condições que lhes são proporcionadas, é talvez o número dos que se perdem por não lhes reconhecerem o talento que têm. Em xadrez, o talento tende a expressar-se em vitórias. Em futebol, não há uma relação directa entre ser muito talentoso e obter muitos golos, assistências ou outras formas igualmente estúpidas de certificar um jogador talentoso. E, como tal, é muito mais difícil identificar talento, assim como é muito mais difícil trabalhá-lo.

Essa dificuldade torna a noção de talento, em futebol, indissociável da questão da formação dos jogadores. Toda e qualquer política de formação pressupõe, pois, uma ideia acerca do que significa talento em futebol. Se isso for verdade, é possível que os melhores exemplos ao nível da formação sejam simplesmente aqueles onde há melhores ideias acerca de talento. E que ideias podem ser essas? Para muita gente, é tão mais talentoso aquele jogador que tiver mais velocidade, mais força, mais técnica, mais impulsão, etc. A ideia de que o talento é simplesmente a soma de uma série de características facilmente quantificáveis está amplamente disseminada, e é sobre essa ideia que a maioria das pessoas trabalha. Além de negligenciarem aquelas características que mais naturalmente resistem à quantificação (inteligência, capacidade de decisão, criatividade, etc.), essas pessoas incorrem no erro comum, e fácil de assinalar, de pressupor que o talento é um atributo quantificável. Mas o que é então o talento, em futebol? Que definição satisfatória de talento é possível apresentar? Para José Boto, «existe um problema de conceito», pois «o que em Portugal é um talento, em Espanha não é». Essa diferença «tem a ver com a forma como se entende o jogo. Quem marcou o nosso futebol nos últimos anos, marcou-o por resultados, em Espanha marcou-o por uma ideia. Por isso, os muitos Xavis, Iniestas, Busquets, Iscos, Xabi Alonsos, que a Espanha produz. Nós não os temos, porque não conseguimos identificar este tipo de jogador como um talento, a não ser quando ele já está num patamar em que alia o que tem a resultados. É minha convicção que esses jogadores muito dificilmente passariam nos critérios que regem a nossa detecção de talentos. Por cada Bernardo Silva que aparece, perdem-se seis outros em Portugal. A detecção de talentos tem muito a ver com a forma com se entende o jogo. Em Portugal é curioso que aqueles que são os nossos melhores jogadores na actualidade, os que andam no alto nível, sejam jogadores sobre os quais os nossos «formadores» tiveram sempre muitas dúvidas». Na opinião de Blessing Lumueno, «o futebol é um jogo de vários talentos, onde o talento mais importante é o de percepção mais complexa». Características como a velocidade, a força ou a técnica «são alguns dos talentos que se podem associar ao jogador de futebol, mas para identificar esse tipo de talento não é preciso perceber grande coisa de futebol. Qualquer pessoa que não perceba nada do jogo consegue olhar para um jogador e perceber que corre muito rápido ou que remata forte, e se tiver papel e caneta consegue também perceber se a maior parte dos remates vai ou não à baliza. A dificuldade reside em perceber a relação entre esses talentos. E, por ser difícil quantificar, a complexidade é imensa. Isso exige um grande conhecimento do jogo. Falando mal e depressa, o talento mais importante em futebol é a forma como o jogador relaciona todos os talentos que tem em função dos acontecimentos do jogo; é a forma como o jogador domina o jogo, o adversário, e a si próprio, de tal forma que seja capaz de alterar o contexto de jogo para que a situação passe a ser favorável para si e para a sua equipa. Por outras palavras, é a criatividade». A opinião de Tiago Teixeira não é muito diferente: «para mim o talento em futebol é a capacidade que um jogador tem para resolver os problemas colocados pelo jogo, sejam eles de natureza técnica ou cognitiva». É por isso, acrescenta, «que Messi é o mais talentoso do mundo, por conseguir resolver tudo com uma qualidade tremenda». Mauro Mouralinho também não acredita que o talento seja «um amontoar de factos e características». Apesar de coisas como a velocidade, a força ou a técnica poderem evidentemente «fazer parte de um jogador com talento», não só não acredita que o talento «seja algo tão redutor como a potenciação dessas características individuais» como não acredita que «o somatório delas leve a um resultado esperado». Na sua opinião, o talento é «tudo o que num jogador faça manipular o jogo em função de algum objectivo relativo». Identificar talento requer «percepcionar o “onde”, o “como”, o “quando” e o “porquê”» de cada acção, requer «perceber no jogador a noção que ele tem das próprias qualidades e características e como percebe as dos outros, assim como a forma como lida com as interacções que o jogo oferece, como deslinda decisões e a velocidade e qualidade com que as toma». É claro que, «depois terá de existir sempre a “manifestação física” desse talento». Mas ao início é sempre algo muito empírico: «a primeira coisa que tento perceber é se o jogador “sabe jogar à bola” (mesmo com estas palavras na minha cabeça); só depois é que parto para uma avaliação mais específica. Perceber o jogo, saber executá-lo tecnicamente e acrescentar decisões inesperadas e criativas deverá ser a base de tudo isso. E, depois, fazer tudo isso de modo fluido e intuitivo». João Amado considera o talento algo «de facto difícil de definir e ainda mais de quantificar, pois o jogo de futebol tem muitas variáveis e talvez por isso parece difícil estabelecer uma linha clara que divida os talentosos dos não talentosos. Isto porque um atleta pode ser considerado talentoso nalgumas situações e/ou momentos do jogo e não o ser noutras». Ainda assim, arrisca uma definição: «definiria talento como qualquer aptidão, sensibilidade ou predisposição específica, tanto física como emocional ou intelectual para uma ou várias situações/problemas que o jogo apresenta. E, por ser um jogo tão rico, surgem a meu ver diversas manifestações de talento, talvez uma mais fáceis de identificar que outras». Segundo Cláudio Botelho, o talento está «directamente ligado à inteligência, é um conjunto de aptidões físicas e cognitivas em constante interacção que nunca poderá ser visto como a soma de um conjunto de características, pois isso seria apenas um indivíduo com predisposição para algo, mas que não se poderia considerar talentoso. De que serve a um jogador de futebol ser extremamente rápido se não conseguir eleger os melhores caminhos para tirar partido dessa sua rapidez? Ou de que serve ser um indivíduo extremamente forte, se não souber quando deve fazer uso da sua força? Ser talentoso é ter um conjunto de recursos que permitam dar resposta a um cenário ou contexto com que um atleta se depara. Se não tiver capacidade de decisão e inteligência, os seus atributos físicos acabam por não lhe servir de nada. Talento é interacção, é perceber o que está a acontecer no ambiente em que se encontra e ter soluções/respostas para esse cenário. Também por isso, não é um conceito fechado: não é algo que se tenha ou não se tenha; é algo que está em constante desenvolvimento, desde que estimulado no ambiente certo. É por esta razão que o processo de treino tem um papel fundamental na estimulação e criação de talentos. Se o processo de treino simular mudanças constantes no meio envolvente, o atleta será obrigado a ter que pensar a todo o instante, e isso vai desenvolvê-lo, obrigando-o a recorrer constantemente a tudo aquilo de que dispõe para resolver os problemas que lhe vão surgindo».

O futebol português está cheio de casos de jogadores dos quais se esperava muito quando eram mais novos, mas que, por diferentes ordens de razão, acabaram por fracassar ou ficar muito aquém do talento que lhes era reconhecido. «O caso mais mediático», para João Amado, «é provavelmente o do Fábio Paim». Tiago Teixeira também destaca Fábio Paim, que «na formação demonstrava ter um potencial tremendo (qualidade técnica em doses elevadas, criativo, muito rápido, etc.) e não conseguiu vingar em nenhuma das equipas por onde passou a nível sénior porque nunca foi profissional». Mas há muitos outros, e que não singraram por razões diferentes. Cláudio Botelho refere Diogo Rosado, «um talento incrível, um jogador com uma tomada de decisão fantástica que a cada toque na bola aproximava a equipa do sucesso, alguém que pensava muito mais rápido do que os outros e que elegia muitas vezes um caminho que mais ninguém via. Para além de ser um jogador muito criativo, conseguia ter algo que só os melhores jogadores têm: classe. Conseguia ser criativo, ter capacidade de decisão e executar com o seu próprio estilo. Foi sempre tido como um jogador pouco intenso. Actualmente, as pessoas associam intensidade a correr muito, a ter muita capacidade de choque, a ser muito explosivo, etc., e muito se aplaude um jogador que corre atrás de outro para lhe roubar a bola, mesmo que tenha sido esse mesmo jogador a perdê-la. Cada jogador tem o seu perfil, e nem todos se caracterizam por correrias e duelos. O perfil do Diogo Rosado era um perfil de inteligência, de tomada de decisão, de criatividade, que é muito mais difícil de ser identificado pelos adeptos». Blessing Lumueno também fala em Diogo Rosado, acrescenta Miguel Rosa e André Martins, mas destaca «a situação de Oliver Torres» (uma das maiores promessas do futebol espanhol, que não vingou no Atlético de Madrid e continua a ser pouco utilizado no Porto), que o «impressiona muito neste momento». Mauro Mouralinho, por sua vez, lembra o caso de «David Rua, um jovem atleta que passou pelos escalões jovens do Benfica e do Sporting e que», não obstante a qualidade que garante que tinha, «desistiu do futebol aos 16 anos». José Boto inverte a questão, e diz que seria capaz de se lembrar «de mais de 20 jogadores que, à luz da “nossa” maneira de identificar talento, se achava que eram o máximo e que não passaram da banalidade» que para si já eram na altura.

Há com certeza variadíssimas razões para todos estes casos de insucesso. Uma em que se pensa de imediato, sobretudo quando se pensa naqueles jogadores que, de modo evidente, não singraram por falta de profissionalismo, é o contexto familiar e social onde se inserem. É evidente que esse contexto é sempre um factor decisivo na evolução de um jogador. Hoje em dia, porém, assiste-se a um fenómeno curioso: a presença constante dos pais nos treinos dos filhos. É inegável que os pais têm hoje expectativas a respeito de uma eventual carreira dos filhos que não tinham há umas décadas, e passaram por isso a participar de modo mais activo na formação dos jovens jogadores. Para João Amado, essa realidade tanto pode contribuir como prejudicar os atletas: «os encarregados de educação devem ter consciência da importância e influência que têm na aprendizagem e desenvolvimento emocional, físico e intelectual dos seus educandos. Essa influência pode ser muito positiva, mas também muito negativa. A meu ver, é muito importante que não se estabeleça absolutamente nenhum paralelismo ou comparação com a realidade do futebol profissional, que é o que muitas vezes acontece. São universos completamente distintos. É também frequente o transporte, por parte dos adultos, das frustrações, ambições e/ou problemas pessoais para a vida desportiva dos filhos, o que só ajuda a criar um ambiente negativo e pouco saudável para a criança/adolescente. A relação deve ser equilibrada, os pais não devem ser alheios ou ausentes da vida desportiva dos filhos nem, pelo contrário, invasores da mesma, tomando para si algo que não é seu». Outra razão que costuma ser apontada para o insucesso daqueles jovens atletas que não foram capazes de corresponder ao muito que prometiam é de ordem psicológica, ou mental. É comum dizer-se que muitos jovens, não obstante terem muita qualidade, não conseguem impor-se quando chegam a seniores porque «não têm cabeça», querendo com isso sugerir que não têm uma personalidade suficientemente vincada e forte nem são capazes de estabilidade emocional. Para José Boto, a formação da personalidade «devia ser uma preocupação dos clubes». O problema, explica, «é que muitas vezes os formadores não fazem puta de ideia de quais são os problemas que os jogadores vão encontrar no alto nível». João Amado afirma, por sua vez, que «a personalidade, a resiliência e disciplina são necessárias para que qualquer pessoa se destaque na sua área, e é preciso perceber que o futebol profissional e qualquer desporto em contexto profissional são áreas extremamente competitivas». Ainda que tenham com certeza muita importância, a pressão familiar e a força mental do atleta talvez não sejam os maiores problemas da formação em Portugal. Na opinião de João Amado, e «sem qualquer ordem de prioridade ou grau de importância», os principais problemas que consegue enumerar são «a competitividade das competições nos escalões de iniciação, a inexistência de um plano/directrizes nacionais para a formação e a inexistência de uma relação de cooperação com o sistema escolar». Estas três questões indiciam o mesmo: os principais problemas são de natureza política. Dada a ausência de uma política de formação de cariz nacional, é natural que os clubes se ressintam e que os treinadores invistam mais nas suas necessidades imediatas. José Boto aponta precisamente para esta consequência, quando sugere que o principal problema da formação em Portugal é «a mentalidade das pessoas, a forma como olham o jogo e não são capazes de perceber que se estão a formar jogadores para o futuro e não para Maio». Espanha e Alemanha são reconhecidamente exemplos de sucesso ao nível da formação, e servem muitas vezes para expor, por contraste, as deficiências do caso português. Mas «quando se fala desse exemplos, que são realmente bons», explica José Boto, «fala-se de tudo menos do que realmente importa, fala-se da dimensão do país, dos orçamentos, das condições materiais, etc., mas não se fala do mais importante, da mentalidade e da forma como se olha para o jogo lá. Esse é o grande segredo».

A incompatibilidade entre o objectivo de longo prazo de formar jogadores para o futuro e o objectivo de curto prazo de ganhar jogos e competições é inescapável e merece alguma atenção. Numa realidade assim, em que os treinadores, mesmo os da formação, não prescindem dos resultados, como é que se pode acautelar a progressão dos mais talentosos, que nem sempre são os mais desenvolvidos ou os que mais se destacam em certas idades? José Boto é categórico: «eu só vejo uma forma, correr com essa gente do futebol!». Para Mauro Mouralinho, «os mais talentosos destacam-se sempre; a importância que os adultos dão a esse talento é que pode variar». Apesar de haver «quem goste de colocar regras de idades ou de estados de maturação (o que pode até resultar)», Mauro considera que «a resposta estará sempre no acto de consciencializar os agentes do futebol envolvidos no processo formativo». Hoje em dia, como explica, «tudo se estuda e tudo se tenta controlar. Mas, mais do que tentar achar situações de causa-efeito nos casos de sucesso, deveríamos tentar perceber onde errámos para nos tentarmos precaver contra esse tipo de erros no futuro. Repare-se no caso de Antoine Griezmann, um francês com ascendência portuguesa (curiosamente, França e Portugal são dois países onde me parece que se valorizam muito as capacidades físicas, ainda que ambos consigam depois ter gerações com talento porque, como referido atrás, os mais talentosos acabam sempre por sobressair). A ser verdade o que se disse acerca da sua história, dá que pensar. Foi rejeitado por algumas equipas francesas por ser “franzino”, mas depois disso teve a oportunidade de “crescer” em Espanha. Resultou num caso de sucesso incrível, e hoje em dia poderia ser um ídolo em qualquer uma dessas equipas francesas, mesmo continuando a ser franzino». Mauro não sabe se «existem registos de vídeo do que era Griezmann com 10, 11 ou 12 anos», mas sugere que «talvez fosse uma boa forma de consciencialização pegar nesses registos e tentar achar semelhanças com casos actuais em muitas equipas do nosso Portugal». Tiago Teixeira defende que, «enquanto o objectivo do treinador de formação for ganhar, não há nada que acautele a progressão dos mais talentosos se eles não forem os que dão mais garantias no imediato». É por isso que na sua opinião, «a solução passa por escolher os treinadores com o perfil certo para trabalhar na formação, treinadores cujo principal objectivo seja fazer evoluir os jogadores». Blessing Lumueno considera a questão complicada, pois «o contexto em que vivemos teria que ser totalmente alterado para que a formação fosse valorizada de forma adequada». A dificuldade, explica Blessing, advém do facto de «tudo ser polarizado» em Portugal. Como exemplo, refere que «somos o país que passou do treino físico para o treino integrado e depois para o treino táctico. Quase todos os treinadores do país o fazem sem perceberem as mais-valias do treino para o tipo de grupo com que trabalham, e para os diferentes momentos de trabalho. Mas, como o treino táctico agora é o polo positivo, tudo o que fizer fora disso é encarado como um mau trabalho. E vemos inclusivamente treinadores de futebol 7 felizes porque a sua equipa é muito organizada do ponto de vista táctico. Que raio?! Geralmente, considera-se que um bom trabalho independentemente de tudo é uma equipa totalmente vitoriosa. Se assim não for, as coisas ficam complicadas para o treinador. O primeiro passo é mudar o tipo de perguntas que fazemos. Temos de passar do “quanto é que ficou o jogo?” para o “como é que correu o jogo?”. Isso ia exigir, através do tipo de resposta que a questão pede (dados não quantificáveis), uma maior reflexão sobre coisas que realmente importam para o desenvolvimento dos jogadores. Outro passo importante seria a profissionalização do treinador; pagar o suficiente aos treinadores de base para que não existisse esse ímpeto e ânsia de subida para outros escalões e outros níveis competitivos onde a remuneração é mais significativa. Para isso, seria necessária uma formação de treinadores com mais qualidade, e com foco no que é realmente importante: o desenvolvimento individual da criança. A maior parte dos treinadores do país trabalha no futebol de formação. Os clubes só têm uma equipa principal e abaixo dessa costumam ter mais sete ou oito equipas de outros escalões. Portanto, a formação de treinadores deveria focar-se quase em exclusivo nas estratégias de detecção de talento e de desenvolvimento individual, bem como o respeito pelas diferentes fases de maturação da criança. Quando fosse exigida ao treinador uma graduação superior, pelo patamar competitivo em que estava, aí sim, o foco dessa formação deveria ser outro. Por fim, ajudaria imenso se a Federação compensasse os clubes que trabalham bem na formação, e que promovem a aposta nos jogadores jovens formados localmente. Por exemplo, quantos mais atletas e com mais anos de clube chegassem à equipa principal, maior seria a compensação financeira do clube».

A questão é, de facto, complicada. Pensemos num grupo de miúdos muito fortes fisicamente para a idade, muito altos e muito desenvolvidos do ponto de vista muscular, que ganham a maior parte dos duelos individuais e que, por isso, aproximam a equipa do sucesso, e pensemos num segundo grupo, bem diferente do primeiro, composto por miúdos mais habilidosos, mais inteligentes, cujo potencial se percebe superior aos primeiros, mas que não estão tão desenvolvidos do ponto de vista físico, e por isso não ganham muitos duelos individuais nem são tão eficientes para os desígnios da equipa nesse momento. Se o objectivo da formação é sobretudo um objectivo de longo prazo, e se considerarmos que o segundo grupo tem um potencial superior, fará sentido privilegiar o primeiro grupo apenas porque a curto prazo garante melhores resultados? A questão que se coloca, no fundo, é sobre perfis de jogador. Fará sentido tentar corrigir este problema através de uma política de formação baseada em perfis de jogadores? Para Tiago Teixeira, «não faz sentido dar mais oportunidades aos jogadores que garantem mais vitórias a curto prazo, se estes não forem os que no futuro vão ser mais capazes de ajudar a equipa principal». Por isso, sim, na sua opinião «faz todo o sentido uma política de formação baseada em perfis, de modo a assegurar que os jogadores mais talentosos — que não são necessariamente os que mais garantias dão na formação ao nível dos resultados — chegam melhor preparados à equipa sénior». Para Mauro Mouralinho, tal política faz sentido «se não se considerar apenas o perfil físico, se for tido em conta, por exemplo, também o perfil técnico e cognitivo». Na opinião de Mauro, «ganhar duelos não terá de ser uma coisa obrigatoriamente má. Na formação, contudo, dar demasiado valor a quem ganha duelos apenas porque é mais forte ou tem mais potência, em detrimento de valorizar quem os evita e arranja outro tipo de estratégias porque sabe que à data não está preparado para os ganhar daquela, é um erro». De acordo com Blessing Lumueno, «faz sentido dar mais oportunidades ao grupo que vai dar melhores garantias de integração na equipa sénior do clube». Na opinião de Blessing, «estamos a falar de um problema que vem da falta de definição de um perfil de jogo e de jogador para os seniores. E isso é um problema do topo da cadeia. Se o clube, se a direcção não define um perfil de jogador abre espaço para uma liberdade absoluta no perfil de jogador em que se aposta, e nem sequer há controlo desse processo. Ao definir-se o perfil de jogador que se quer, pode então começar-se a apertar o critério no processo de maior ou menor exposição de determinado tipo de jogador. Por isso, sim, faz sentido uma política de formação baseada em perfis. Sobretudo se o perfil estiver definido pela federação e pelo clube. A longo prazo, o treinador deverá apostar no tipo de talento em que o clube aposta. Agora, creio que o caminho para a evolução do jogo e do jogador é a aposta em absoluto na criatividade, na inteligência e na qualidade técnica, porque o jogo tem evoluído para que cada vez mais sejam essas as maiores necessidades dos jogadores». Já José Boto considera que o que faz sentido é «jogarem os que podem mais facilmente atingir patamares que lhes permitam jogar ao mais alto nível, que quase nunca são os que estão mais aptos do ponto de vista físico». Como acrescenta, «é comum escutar-se “Este miúdo não falha um passe, uma recepção, mas falta-lhe agressividade”, e então pede-se isso e investe-se nisso, muitas vezes retirando ao jogador o que ele tem de realmente bom. Mas o contrário, pedir a um jogador agressivo “Vê lá se fazes um passe bom” nunca se ouve. É a subversão daquilo que na realidade importa e faz a diferença».

Apesar da evolução das últimas décadas, e do aparecimento de alguns bons exemplos de como os atributos intelectuais são tão ou mais importantes do que os atributos físicos, continua a haver muita gente a trabalhar na formação para quem um jogador pouco dotado do ponto de vista físico está em desvantagem e para quem o tamanho dos pais pode ser um critério de avaliação de talento. Blessing Lumueno considera que a mentalidade dessas pessoas se muda «insistindo, e persistindo, mostrando-lhes o triunfo absoluto de Pirlo, Xavi, Iniesta, Modric e Messi, mostrando-lhes que Pirlo, Xavi, Iniesta e Modric não correm muito depressa, não são altos, não são agressivos nas suas acções, nem tão pouco têm uma atitude competitiva virada para o suor, mostrando-lhes que a principal característica desses jogadores é a forma como usam a bola para colocar a equipa em situações de vantagem, para gerir o jogo, gerir os colegas e gerir os adversários, mostrando-lhes que a atitude competitiva deles está direccionada para as situações que criam para que se possam evidenciar e para que o adversário não tire proveito da sua menor valia do ponto de vista físico, mostrando-lhes que Messi não é um pinheiro, mas que cumpriu os melhores anos da sua carreira, até ao momento, a jogar como ponta de lança, e que, se tivéssemos pensado em como não perder duelos, mais do que em como evitá-los, nunca teríamos visto Messi ali». Blessing considera aliás que «os duelos, mesmo para os jogadores mais fortes do ponto de vista físico, são uma desvantagem. Um jogador alto terá mais facilidade em ganhar a bola quando está só do quando a disputa com um adversário, assim como um jogador rápido estará em melhores condições para dar continuidade ao lance se estiver sozinho do que houver um adversário por perto. O objectivo do jogo é ganhar vantagens circunstanciais que permitam melhores condições para atacar e para defender, pelo que a mentalidade das pessoas se muda convencendo-as de que evitar os duelos é a melhor forma de vencê-los, e que essa é uma vantagem importante». José Boto não é tão optimista, no entanto, a respeito da possibilidade de mudança: «com os anos que já levo disto, só vejo uma forma de mudar essa mentalidade, afastar essa gente do futebol».

Essa mentalidade reflecte-se, por vezes, na importância excessiva que é dada à componente táctica na formação dos jovens. Segundo Blessing Lumeuno, «a componente táctica está sempre presente, mas é necessário reinterpretá-la para os mais pequenos, isto é, criar referências de modo a que a criança pense e elabore soluções com base nelas». A necessidade de confrontar a criança com a dimensão táctica do jogo não é de modo algum um dado adquirido, e é aliás possível questionarmo-nos se interessa de facto condicionar a experiência de jogo, indicando o que é certo e o que é errado, desde tão cedo. Não será para a criança mais importante, pelo contrário, cometer erros, e educar a inteligência pelo erro, antes de ser ensinada acerca do que é certo e errado? E poderá o talento desenvolver-se quando se tem demasiada consciência do que é certo e errado? Blessing Lumueno considera que «indicar o que é certo ou errado, desde cedo, protege o jogador do erro, e o erro é um catalisador fantástico para a aprendizagem. Se for bem aproveitado, o erro é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento. Um jogador nunca será criativo, ou inteligente, se lhe derem um GPS para chegar ao destino, até porque depois o jogador fica preso ao “certo e errado” e quando lhe tiram o GPS ele deixa de funcionar. Por exemplo, diz-se a um miúdo que, quando um colega se desmarca, deve respeitar a desmarcação dele. E, a partir daí, sempre que um colega se desmarca, com ou sem vantagem, a bola seguirá para ele. Ou seja, o miúdo ficou viciado numa solução sem que lhe tenham sido dadas todas as ferramentas para brincar com a situação, experimentar soluções, errar, aprender com o erro, e afinar a técnica quando finalmente acertar». Quando falava de referências, um pouco antes, Blessing estava a pensar em «marcadores que ajudam o jogador na tomada de decisão. E esses marcadores são elementos do contexto que o jogador utiliza (ou não) de forma inconsciente para resolver a situação de jogo. Por exemplo, numa situação de 2 para 1, é possível prever o comportamento do defesa com base nas opções que lhe damos. E é importante para o jogador estar ciente disso mesmo, para que depois possa brincar com esse mesmo comportamento e encontrar por ele uma solução para o lance ser bem resolvido. No final, se o treinador achar que correu mal, tem aí uma ferramenta fantástica para ajudar o jogador, perguntando-lhe o que se passou nessa situação, em que é que ele pensou, e se percebeu o contexto à sua volta. Assim, sem lhe ser dada uma solução, o jogador poderá perceber com ou sem ajuda a informação contextual relevante para tomar a decisão e com isso trabalhar sobre aquela que considera ser a melhor solução para si. É destas brincadeiras com a informação que os jogadores começam a cultivar a sua criatividade. É a partir disto que começam a formular questões como: “Então e se eu fizer isto para os gajos pensarem que vou fazer aquilo e depois fizer outra coisa qualquer?!”». Cláudio Botelho parece concordar, pois o que hoje em dia observa «é uma preocupação absurda dos treinadores na formação em criarem e desenvolverem modelos de jogo com jovens jogadores, em procurarem desde muito cedo robotizar os atletas, limitando-os a tarefas específicas nas suas posições. Um jovem atleta deve ser colocado perante o máximo de cenários possíveis para que possa estimular a sua tomada de decisão. Se, desde cedo, limitamos um jovem a dar resposta a um cenário, vamos fechar o seu caminho e condicionar a sua evolução. A especialização precoce dos atletas é um problema que existe e que leva ao abandono de diversos jovens. Potenciam os atletas muito cedo, numa determinada tarefa, passam a ter sucesso precocemente, mas acabam por estagnar e ser “apanhados” por outros atletas, que não eram considerados tão aptos, mas que se foram desenvolvendo de uma forma multilateral. Isto acontece porque os jovens treinadores que se encontram na formação querem formar carreiras e atingir outros patamares, encarando essa etapa como uma fase que os pode levar a outro nível. A preocupação central não é a formação de atletas, mas sim desenvolver um jogar que lhes permita rapidamente atingir o que ambicionam». João Amado, por sua vez, lembra que «o futebol actual tem uma vertente académica superior à do passado». Na sua opinião, «interessa condicionar a aprendizagem, para que seja potenciada». Mas, «mais uma vez, é uma questão de equilíbrio. A formação de um atleta tem, hoje em dia, uma duração maior do que antigamente, e claro que se devem definir objectivos realistas consoante a idade ou a aptidão. O erro é um instrumento importante neste processo, sem dúvida, mas existem outros instrumentos igualmente úteis, que podem enriquecer o processo de ensino do jogo, e que não são necessariamente castradores».

Uma abordagem menos impositiva, que procure condicionar o menos possível o trajecto do atleta e a forma como o seu talento vai sendo desenvolvido, parece pressupor no entanto uma intervenção menor, da parte dos formadores, na correcção dos defeitos que esse jovem possa ir adquirindo. Um jogador muito forte no um para um, que tem muita facilidade em driblar os adversários e vencer a oposição individual, tende a resolver as dificuldades que o jogo lhe impõe sozinho. E, invariavelmente, à medida que vai crescendo, vai tendo mais dificuldades em ter sucesso nessas acções, porque a oposição se vai tornando mais eficaz. Como é que se incentiva um miúdo com essas características predominantes a procurar outro tipo de soluções, de modo a prepará-lo para as dificuldades que encontrará mais à frente no seu percurso, sem pôr em perigo o desenvolvimento do seu talento particular e sem lhe castrar a iniciativa do drible? De acordo com Tiago Teixeira, a solução está em «aumentar a complexidade da tarefa». Como explica de seguida, «se um infantil consegue pegar na bola, fintar meia equipa e fazer golo, então não está a fazer nada nesse escalão. Colocá-lo num contexto onde enfrente mais dificuldades, onde erre mais, vai obrigá-lo — com a ajuda do treinador, claro — a procurar outro tipo de soluções para ter sucesso, e com isso vai evoluir enquanto jogador». A opinião de João Amado é semelhante: incentiva-se um miúdo desses a procurar outro tipo de soluções «inserindo-o talvez num contexto que seja mais apropriado para o seu nível. Se revela tanto sucesso individualmente, é porque a oposição não será a mais adequada às suas capacidades. Estar a prolongar essa realidade não potencia o seu desenvolvimento, nem tão pouco o dos colegas. A realidade final nunca será essa e, se for possível apresentar-lhe um desafio maior, terá obrigatoriamente que recorrer a outras soluções». Mauro Mouralinho também não pensa de modo muito diferente: «se o miúdo é bom a driblar, há que o deixar fazer e até estimular. Mas jogar com jogadores mais velhos, para que sinta mais dificuldades e tenha até insucesso, será bom para o forçar a contemplar outras decisões». Há aliás outras formas de condicioná-lo: «jogar mais perto da sua baliza ou jogar em inferioridade numérica não lhe permitirá ter tanto sucesso nesse tipo de acções, e fá-lo-á entender que essas acções só têm relevo se tiver um colectivo a suportar». Para Mauro Mouralinho, «há várias estratégias para isso, mas não acha que obrigar o jogador a fazer combinações ou forçar passes faça sentido. Faz sentido, isso sim, fazer com que perceba que o drible não é a única saída. Se for sendo dada ênfase (com elogios perante o grupo ou em torno do seu ambiente social) a coisas que lhe escapam (ao passe antes dos dribles ou aos movimentos sem bola que arrastam defesas, por exemplo), esse tipo de jogador acabará eventualmente por perceber e por também querer ser elogiado em função disso. E quando sentir essa necessidade poderá vir a perceber também o papel dos outros, e que um dia poderá ser o dele». Para Blessing Lumueno, tudo começa na «percepção da parte do treinador das características que tornam aquele miúdo diferente, do talento que o torna especial. E essa percepção, e aceitação, é o farol que vai guiar todo esse desenvolvimento. Sem isso, é muito complicado não castrar a individualidade». A título de exemplo, Blessing conta uma experiência com um jogador: «tive um jogador, em tempos, que já tinha visto jogar algumas vezes na equipa do escalão acima, e que um dia veio treinar connosco e não parecia o mesmo jogador. Era um tipo fortíssimo no drible e na equipa dele apenas jogava a dois ou três toques, nunca arriscava. Entretanto, o treinador dessa equipa saiu, e fomos nós a assumir essa equipa. Num jogo em que perdíamos ao intervalo, a equipa estava a fazer um jogo horrível, fui ter com ele e perguntei: “Por que é que estás sempre a passar a bola?! Com essa capacidade, no teu lugar, eu não passava a bola a ninguém...” A resposta do miúdo foi: “O outro treinador não me deixava fintar”. O exemplo é útil para se perceber que é fundamental o treinador entender e aceitar como especial o que cada jogador tem de extraordinário. Depois disso, entra a fase seguinte. Na maior parte do tempo, com as próprias regras que o treinador cria, consegue levar a criança quase sem feedback para onde quer. Por exemplo, colocar constrangimentos ao nível do espaço e da oposição, para que o drible tenha muito menos sucesso do que aquilo a que o miúdo está habituado. E ir dando a entender ao jogador a vantagem que ele próprio teria em usar os colegas para ficar em melhores condições para driblar, que é o que ele gosta de fazer. Depois de ele começar a procurar os outros para seu próprio benefício, torna-se importante começar também a convencê-lo a beneficiar os outros e a equipa, mostrando-lhe que, se o fizer, os colegas também o passarão a procurar mais e a reconhecer. Isto acontece com todos os melhores jogadores. Os colegas percebem e reconhecem que aquele é o porto seguro deles, e passam-lhe invariavelmente a bola. Quando era jogador, lembro-me de pensar: “se eu passar a bola ao André, ele vai devolver-ma, então vou passar sempre para ele”. A responsabilidade do rumo da equipa fica com esse jogador, e ele deve saber usá-la bem. Mas é positivo para ele ficar com essa responsabilidade. Portanto, é uma questão de desafios constantes e de se convencer o jogador que, ao procurar outras soluções, terá benefícios e não deixará necessariamente de fazer o que gosta, que apenas estará a optimizar as condições para isso». A coexistência entre um ou outro miúdo excepcional e o restante grupo há-de com certeza exigir, de resto, alguns cuidados especiais. Por um lado, é preciso salvaguardar aquilo que os pode tornar únicos; por outro, é necessário integrá-los num grupo que nem sempre está preparado para elementos tão peculiares. Segundo Blessing, jogadores desse calibre, sobretudo aqueles que se destacam por características invulgares como a personalidade e o intelecto, «devem ser tratados de forma especial». Como «responsável pela formação desse atleta» — explica ainda — «o treinador tem a responsabilidade de o aceitar, de o integrar e de encontrar formas para o desafiar a superar as lacunas que tem, ainda que essas formas se distingam das do restante grupo. Há que encontrar estratégias para fazer ver ao miúdo quais são as suas dificuldades, e de fazê-lo responsabilizar-se por elas. Depois disso, há que fazê-lo entender quais são os seus pontos fortes. E, por fim, há que aglutinar essa informação e, com ele, formular um plano para superar essas dificuldades». Para Blessing, «é importante que o atleta participe na formulação desse plano de desenvolvimento para que depois se possa exigir sempre o máximo dele. É preciso também não fazer comparações com outros jogadores, para diminuir o risco de o jogador perder o que tem de único. Ele deve ser sempre a sua referência e termo de comparação no seu crescimento e evolução. O que acontece muitas vezes com este tipo de miúdos é que não se coloca em primeiro lugar o que é importante para a sua formação, mas sim princípios e regras de funcionamento de grupo importantes para o treinador. E, não raras vezes, o treinador é incapaz de abdicar das regras que criou em nome de um melhor desenvolvimento do jogador. Mas, voltamos ao mesmo, isto é matéria que deveria ser obrigatória na formação dos treinadores»

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