Haikus [1]
A aurora — Canta a cotovia. —
O céu é um espelho prateado
Que reflecte violetas.
O sol em chamas cai no mar;
faíscas:
As estrelas!!
Oh! A lua cheia sobre o cemitério. —
Negros os teixos — brancos os túmulos —
Mas e por debaixo?
Os olhos do Gato:
Duas luas gémeas
Na noite.
A noite. — A sombra da grande nogueira
é uma nódoa de tinta aplainada
no veludo azul do céu.
A vida de um instante…
Eu vi extinguir-se na noite,
A eternidade de uma estrela.
A catedral nas brumas:
Uma esfinge de duas cabeças, agachada
Numa selva de sonho.
Vi em sonhos,
Exóticos esplendores solares,
Manhã cinza. — O céu é uma chapa de chumbo.
Morta a Deusa,
Dancemos à roda!!
Mas, os meus sonhos também estão mortos…
Todos esses castanheiros pançudos
Troçam entre eles da nogueira
Que ainda não tem folhas.
Sobre o frondoso verde de Abril
Bruega e céu sujo
— Triste…
No céu de cinza
Como um último tição
A pequena estrela.
A grossa nuvem foge
Defronte do sol que ri
O aguaceiro repintou as folhas.
Esta tarde o sol
Põe-se carmesim
Diante do arco-íris.
Meia-noite — silêncio azul
— Dormem os lilases —
Sinto o perfume dos seus sonhos.
As pequenas nuvens cor-de-rosa…
Infelizmente! Vão sujar-se
No fumo das chaminés.
A estrela
Espeta pequenos golpes de prata
No crepúsculo malváceo.
O galho do castanheiro
Com os seus cachos de mãos
Planas, macias, negras.
Por todo o céu,
Em tons nacarados, claros e mutáveis,
Estou dentro de uma opala.
Folhas arregaçadas
Pelo vento
Na berra.
Um buraco que atravessa a Terra —
Em ambas as extremidades o céu:
A lagoa translúcida.
Na noite de Primavera
A lua
Em flor.
Chuvisca —
Morosa a chuva fina
Tomba infinitamente.
A lua adormece:
Escuta na noite
O sucumbir das rosas.
No vazio do céu
O soluço luminoso
Das estrelas.
O Oceano, esta manhã,
Canta um epitalâmio
Nas suas conchas de madrepérola.
Os meus sonhos: Morcegos
Pascendo-se de estrelas
Pelas pradarias celestes.
Uma criança chora
Por detrás da parede…
Não! É um gato que mia.
Um esquadrão de alfaiates
Patina sobre a ribeira:
Ligeireza!
O vento de Outono
Esfola-se nos galhos mortos.
Oh, os seus soluços!
Nevoeiro sobre o mar: Algodão
Com que a aurora envolve o navio
Para que ele não se magoe.
Noite maviosa, canicular.
Já no jardim,
O chiar das folhas mortas.
Temes o Silêncio?
— Escuta na noite
O coro das estrelas.
Longe do Mar
Tudo é insípido
Como um caldo sem sal.
Perfurado o dossel do céu
Deixa entrever um pouco do infinito
Uma estrela!