Tão silenciosas como se crê num espelho
Realidades mergulham em silêncio pelo...

Não estou preparado para a contrição;
Nem à altura de arrependimentos. Porque a traça
Não se dobra mais do que a chama imóvel
E suplicante. A tremer
Nas fagulhas que caem
Os beijos são —
O único bem que tudo concede. 

Que seja conhecido —
Este sulco e este fogo,
Mas apenas por aquele que
De novo se desbarata a si mesmo. 

Outra e outra 
(Novamente a recordação fumacenta,
Espectro a sangrar!) e uma vez mais.
Até que a conclusão esplêndida triunfe
Sem qualquer murmúrio como num espelho
Se crê. 

Então, gota cáustica a gota cáustica, um clamor perfeito
Encordoará uma harmonia permanente—
Malícia ininterrupta para todos aqueles que pisam
Pelo meio-dia a lenda da sua própria juventude.

 

The Complete Poems of Hart Crane, London: W.W. Norton & Company Ltd, 2010.

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