EN
There Is Only One Humanities
I take a broom to them.
“Thoughts on Unpacking”
Thom Gunn
The idea that the possibility of simultaneous engagement with philosophy and literature stands in need of enquiry presupposes that there are noteworthy differences and similarities between the two disciplines which we must weigh carefully. The idea seems to be that there is within the province of the humanities something similar to the demarcation problem: just as we need criteria to distinguish between which activities should and which should not count as science, we need criteria to carve the humanities at the joints, and then determine the extent to which a single person can be trained in the several methods of the several disciplines, not only philosophy and literature, and be reasonably expected to engage successfully with one or more of them.
The general demarcation problem is to a considerable extent an academic problem, but it has some legitimacy because there are indeed differences worth emphasising between scientific and pseudo-scientific pursuits: think, for instance, of the advocacy of creationism as a scientific theory. Its local instantiation in the humanities is merely academic, and should be exploded. For there its reality is limited to the establishment of academic departments, the drawing up of syllabi, and the quest for research grants. What it carves at the joints is not the varieties of possible understanding or methodology, but of possible bibliography and funding.
The sort of understanding which characterizes the humanities is understanding of human thoughts, and it is very various not because its methods are various but because human thoughts are.
PT
Só Há Uma Humanidades
I take a broom to them.
“Thoughts on Unpacking”
Thom Gunn
A ideia de que a possibilidade de dedicação simultânea à filosofia e à literatura precisa de investigação pressupõe que há, entre as duas disciplinas, diferenças e semelhanças assinaláveis e que devemos ponderar cuidadosamente. A ideia parece ser a de que há, na província das humanidades, algo semelhante ao problema da demarcação: tal como precisamos de critérios para distinguir as actividades que devem das que não devem contar como ciência, precisamos de critérios para identificar as fronteiras naturais no interior das humanidades, e depois determinar até que ponto uma única pessoa pode ser treinada nos vários métodos das várias disciplinas, e não apenas filosofia e literatura, e até que ponto é razoável esperar que se dedique com sucesso a uma ou mais do que uma delas.
O problema geral da demarcação é, em grande medida, um problema académico, mas tem alguma legitimidade porque existem, de facto, diferenças que vale a pena destacar entre actividades científicas e pseudocientíficas: pense-se, por exemplo, na defesa do criacionismo como uma teoria científica. A sua instanciação local nas humanidades é meramente académica, e deve ser eliminada. Pois aí a sua realidade limita-se à criação de departamentos académicos, à elaboração de programas de estudos, e à demanda por bolsas de investigação. A ideia de que há aqui um problema que precisa de ser resolvido resulta, não na identificação de fronteiras naturais, mas em distinções para efeitos de bibliografia e financiamento.
O tipo de compreensão que caracteriza as humanidades é a compreensão de pensamentos humanos, e é muito diversa não porque os seus métodos sejam diversos, mas porque os pensamentos humanos o são.