James Dias

Filipe Marques Fernandes*

Publicado simultaneamente pela Harvard University Press[i] e pela Faber and Faber, o livro de Grafton mergulha num campo de interesse historiográfico escassamente povoado e representa uma primeira tentativa de ensaio global sobre a origem da nota de rodapé, pretendendo colmatar as lacunas deixadas pelos estudos esparsos que compunham a bibliografia disponível.[ii] Desengane-se, contudo, quem pretenda encontrar neste tratado uma história geral da referenciação infrapaginal. A obra, que no presente ano cumpre 25 anos da publicação do texto original, contou com diferentes traduções, cujos títulos restringiram significativamente a abrangência do objecto, incrementando a sua especificidade.[iii] A organização da obra denuncia a intenção de traçar uma árvore genealógica da prática de anotação em rodapé. Grafton não procura oferecer um sistema fechado sobre a sua origem, mas antes conduzir o leitor num caminho inversamente cronológico através de uma estratificação temporal transposta para uma narrativa antológica, em que cada anedota conta um passo substancial no devir da nota de rodapé no campo da história.

A curiosidade pela origem das notas de rodapé como elementos de probidade na retórica argumentativa da erudição histórica é datável de uma fase inicial do seu percurso intelectual, enquanto visitante no University College London (1974-1975), onde trabalhou com Arnaldo Momigliano.[iv] Vinte anos depois, publicou na History and Theory[v] o artigo que viria a ser o substrato do livro. A investigação levada a cabo entre 1993 e 1994 em diferentes bibliotecas e arquivos berlinenses consolidou o seu conhecimento da bibliografia sobre o historiador alemão Leopold von Ranke e o entorno universitário oitocentista, que será o seu ponto de partida.

Poder-se-á dividir os actores históricos seleccionados por Grafton em dois tipos: os que têm convicção e os que têm diligência. Ambos os traços apontam para procedimentos metodológicos distintos, e as personagens que os têm apresentam-nos sempre de forma muito radical. Neste caso, convicção e diligência querem dizer, respectivamente, convicção na retórica e diligência sobre a forma como se constrói e apoia uma narrativa. Na busca pela definição da «origem de uma espécie», Grafton refere que a nota de rodapé servia no século XVIII um duplo propósito: os comentários teriam tanto uma função instrutiva, quanto de entretenimento, dependendo da gravitas ou do sarcasmo impresso. Hoje, porém, o emprego da nota de rodapé pelos historiadores terá um peso mais institucional; o seu domínio será sinónimo do sucesso da aprendizagem dos códigos da prática profissional e consequente pertença ao grémio. As notas conferem a legitimidade necessária ao texto para que este mereça a confiança do leitor não raras vezes insuficientemente conhecedor das fontes que sustentam a interpretação defendida:

No mundo moderno (…) historiadores levam a cabo duas tarefas complementares. Têm de verificar todas as fontes relevantes para a solução do problema e construir a partir delas uma nova narrativa ou argumento. A nota de rodapé prova que ambas as tarefas foram cumpridas. Identifica tanto a evidência primária que garante a novidade da história em conteúdo como as obras secundárias que não enfraquecem a novidade em forma e teoria. Mais, ao fazê-lo, identifica o trabalho da história em questão como a criação de um profissional.[vi]

 

The Footnote oferece uma história dos debates sobre a natureza da nota de rodapé. Do seu carácter heterogéneo emergiu um conjunto diverso de usos, por vezes coexistentes no tempo e no espaço. Grafton procura mostrar, ao elucidar-nos quanto à evolução dos métodos de escrita da história, como a utilização da nota de rodapé faz mais que complementar esse processo: molda-o. Grafton reconhece que os propósitos e os métodos de elaboração de notas de rodapé estão vinculados às práticas de comunidades intelectuais cultural e institucionalmente enquadradas e traduzem as suas falibilidades. Por vezes, é deste choque de expectativas que nascem polémicas e trocas de acusações de usos abusivos das notas de rodapé. Tanto em aparência, como em conteúdo, as «notas de rodapé aparecem sob formas suficientes para desafiar o engenho de qualquer taxonomista.»[vii]

Grafton depara-se com a necessidade de responder às questões sobre «quando, onde e por que razão os historiadores adoptaram a sua forma distintivamente moderna de arquitectura narrativa,»[viii] dado que existiram anotações críticas desde a Antiguidade em múltiplas formas e que o historiador moderno não se filia perfeitamente em nenhuma delas. «A citação precisa vem com a profissionalização»[ix] e por isso, o autor inicia o seu percurso justamente no início dessa profissionalização. O ponto de partida de Grafton vai ao encontro do lugar-comum historiográfico de que é do trabalho de Ranke que se poderão extrair tais respostas. Esta aspiração revela-se inconclusiva, visto que o zelo prestado ao trabalho sobre fontes autênticas como meio preferencial para o relato do que «realmente aconteceu» é partilhado em Ranke com um cuidado literário da narrativa compatível com outras tradições históricas.

[Ranke] criou e dramatizou uma nova prática, baseada num novo tipo de pesquisa, tornada visível através de uma nova forma de documentação. (…) Satisfazer [este ideal de descoberta e apresentação] significava (…) produzir um aparato grande e informativo, um conjunto de notas de rodapé suculentas que o estudioso seguinte pudesse espremer de forma produtiva — como Ranke indicou, implicitamente, ao pedir ao seu secretário que lesse em voz alta extractos não do texto, mas das notas de rodapé, da History of Prussia de Droysen (…)[x]

 

A viagem de Grafton à origem da nota de rodapé não termina, pois, em Ranke. A evidência de que outros houve que se dedicaram à reunião de um aparato crítico levou Grafton a procurar nas práticas setecentistas esse rasgo inicial. No século XVIII, as notas de rodapé terão tido um papel importante na cultura literária, mas o casamento entre a eloquência e a erudição foi recebido com grande resistência pela tradição histórica. Voltaire, por exemplo, equiparava o incómodo do detalhe à presença de vermes; já Rousseau, assim como Edward Gibbon, remeteu-as para o fim do texto ao cuidado dos leitores mais corajosos.[xi] Todavia, as notas faziam já parte do quotidiano do historiador, algo que se revela patente na revolta de H. E. Davis perante a incúria crítica do historiador inglês. As notas de rodapé da maior obra de Gibbon, History of the Decline and Fall of the Roman Empire (1776-1788), tornaram o seu autor polémico. Grafton dedica uma parte do primeiro capítulo do livro às notas de Gibbon e à sua recepção, enfatizando que não foi o primeiro a usar notas de rodapé para apoiar os seus argumentos históricos, mas que a sua mistura de referências e comentário (em grande parte satírico) era inovadora. Comentar em nota o que se escreve é, muitas vezes, admitir fraquezas no argumento apresentado. Gibbon, tal como Justus Möser (citado como menorizando a sua própria «erudição» em nota de rodapé, ao reconhecer que usava palavras em Hebraico e Aramaico, línguas que desconhecia), apontavam para a sua própria actividade, utilizando a nota como um espaço de liberdade satírica.

É neste uso menos convencional da nota de rodapé que Grafton une a Gibbon Jonathan Swift e Alexander Pope. Os escritores dedicavam-se a satirizar métodos mais modernos (sendo o alvo principal Richard Bentley). Tomando os debates críticos da filologia que tinham lugar em notas a textos de autores como Virgílio ou Ovídio (e que se tornavam mais longos e densos que o próprio texto que comentavam), estes utilizaram as mesmas ferramentas para expor o ridículo que encontravam. Pope convidou os seus amigos a comentar «no fundo da página»[xii] o seu poema The Dunciad (que em si constituía já uma paródia). Grafton retira um ponto importante da história literária da nota de rodapé: para ser utilizada satiricamente de modo eficaz seria preciso ser uma forma de comentário estabelecida ao ponto de ser reconhecida pelos conhecedores e pelo público em geral: «Em suma, as notas de rodapé espalharam-se rapidamente na historiografia do século XVIII em parte porque já estavam na moda na ficção.»[xiii]

No rumo estabelecido por Grafton, Jacques-Auguste de Thou é o protagonista do período que se segue, representando um regresso ao futuro, uma vez que procurando uma história imparcial para católicos e protestantes na França dividida do século XVI, ao seu trabalho presidia já uma tendência para o tratamento sistemático das fontes de arquivo. Este é, ainda assim, um caso heterodoxo. As suas Histórias (1604-1620) foram um produto tanto individual quanto social. O jurista, perfeitamente integrado na República das Letras quinhentista, enviava os manuscritos para outros eruditos que, por sua vez, colaboravam com sugestões de adições, correcções ou detalhes, alguns aceites outros rejeitados quando não possuíam elementos de prova. A sua recusa em adicionar notas de rodapé ao texto surpreende tanto quanto este trabalho colaborativo em rede que produziu um comentário e um aparato crítico paratextual que garantiu «a glosa que de Thou recusara colar à sua prosa eloquente.»[xiv] 

Grafton explora o «labor diligente de historiadores e antiquários eclesiásticos»[xv] a fim de realçar os traços pré-críticos dos interesses comentaristas provindos de importantes centros humanistas franceses e alemães no século XVI, destacando letrados como Jacques Cujas, Jean Mabillon, Bernard de Montfaucon e, metonimicamente, o polímata jesuíta Athanasius Kircher. A este atribui mesmo um papel fundamental na descoberta da transcrição como instrumento crítico. A história eclesiástica, cuja longa tradição medieval desembocou numa nova história «declaradamente baseada em pesquisa erudita e por vezes tão vasta em tamanho ao ponto de requerer colaboração»[xvi] revitalizada no Renascimento com Lorenzo Valla, diz-nos Grafton, terá oferecido muito aos períodos seguintes, influenciando especialmente a valorização da união entre narrativa eloquente e autoridade documental, do repositório e da preferência pela fonte consultada em primeira mão:

 

No entanto, os antiquários não ofereceram algo que se assemelhasse a um modelo literário integral aos seus sucessores seculares. Na maior parte das vezes, quando escreveram sobre problemas históricos, não produziram narrativas anotadas, mas antes argumentos não anotados. As fontes a ser discutidas e teses alternativas a ser refutadas eram citadas e analisadas no próprio texto. E até a presença ocasional de notas de rodapé ou glosas (...) não surgiram de uma separação clara entre texto e aparato.[xvii]

 

Mesmo que nem sempre a prática tenha correspondido à ensinança, «a sua crítica metódica forneceu o modelo para o procedimento analítico, mas não o narrativo»[xviii] que os seus sucessores aproveitaram. O seu lugar nesta história merece o destaque que Grafton lhes oferece.

Encontrando-se já nos «abismos da erudição»[xix], é em Pierre Bayle e no seu Dictionnaire historique et critique (1697) que Grafton encontra o caso mais curioso desta história. Este dicionário, que resultou do esforço de reunir os erros e omissões das obras de referência até à data, «não só tem notas de rodapé, como consiste quase inteiramente de notas de rodapé, e até de notas de rodapé a notas de rodapé.»[xx] Muitos leram-no como um negacionista da verdade histórica, cujas notas representariam «um enorme esforço de subversão de todas as certezas»[xxi] num espaço de inesgotável ironia. Estabeleceu as regras da boa e da má investigação da qual dependia um rigoroso tratamento documental. O historiador e o comentador confundem-se justamente nas notas, local de referenciação e de informação, e de refúgio para as mais variadas considerações polémicas. A afirmação da nota de rodapé em Bayle é um passo mais na história que Grafton pretendeu delinear, mas é também um acto em defesa da ciência histórica, em que a nota de rodapé levada ao limite dos seus múltiplos usos consolida também o seu lugar na constituição de um método e de uma disciplina que então se via ameaçada pela nova filosofia cartesiana.

Grafton mostra-nos que a morte da nota de rodapé, tal qual lamentada por Gertrude Himmelfarb[xxii], foi manifestamente exagerada. Além disso, o mesmo objecto não tem necessariamente de corresponder à símile desesperada de Noël Coward.[xxiii] Este tratado atesta não só que os debates de historiadores e historiógrafos em torno da pertinência das notas de rodapé foram cruciais para o desenvolvimento de uma história com valor de ciência, mas também que «quando tecidas, estas linhas [de investigação] formam uma história tão cheia de interesse humano e intelectual quanto muitos outros episódios célebres na história intelectual.»[xxiv]

O autor publica um texto ambicioso e objectivamente original, ainda que na sua concretização evidencie um processo de selecção de actores históricos e de textos maioritariamente centrada nos espaços culturais alemão, inglês e francês, deixando para outra oportunidade um maior aprofundamento sobre outros. Grafton defende a nota de rodapé como elemento essencial da historiografia admitindo, contudo, que esta não garante por si só a resposta a todos os problemas interpretativos do passado. A defesa de uma história documentada, em linha com o pensamento de L. Goldstein, não se faz, portanto, de forma ingénua, mas sim consciente das possibilidades e das limitações dos usos da anotação e do comentário à narrativa através da qual se pretende representar o passado:

Textos históricos não são uma narrativa qualquer; resultam de formas de investigação e argumento crítico que as notas de rodapé sustentam. Mas só o trabalho literário de composição das ditas notas permite ao historiador representar, imperfeitamente, a pesquisa que suporta o texto. Estudar a nota de rodapé é compreender que tentativas criteriosas para distinguir história como arte de história como ciência têm apenas o seu rigor para apoiá-las.[xxv]

O livro não apresenta uma linha unificadora que explique a utilização da nota de rodapé ao longo dos séculos. Mostra sim como a nota de rodapé foi e continua a ser um instrumento difícil de definir e que, muitas vezes, serviu e serve propósitos contraditórios na história e na literatura. Se nos pedirem para explicar o que é, muito provavelmente diremos «aquela coisa que está no fundo da página», mas uma resposta mais completa invariavelmente começará com «depende». Com as suas 423 tradicionais notas de rodapé num livro tão breve, Grafton mostra-se um paladino da pertinência científica actual deste instrumento.

 

 


[i] Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1997). Para todos os efeitos, a edição consultada para a escrita desta recensão crítica é a da Faber and Faber, à qual se referem todas as citações.

[ii] Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History (London: Faber and Faber, 1997), p. vii–viii.

[iii] Vejam-se: Die tragischen Ursprünge der deutschen Fußnote (Berlin: Berlin Verlag, 1995); Les origines tragiques de l'érudition. Une histoire de la note en bas de page (Paris: Éditions du Seuil, 1998);  Los orígenes trágicos de la erudición. Breve tratado sobre la nota al pie de página (México: Fondo de Cultura Económica, 1998); As origens trágicas da erudição. Pequeno tratado sobre a nota de rodapé (Campinas, SP: Papirus, 1998).

[iv] Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History, 1997, p. ix.

[v] Anthony Grafton, “The Footnote from De Thou to Ranke,” History and Theory 33, no. 4 (1994): 53–76, https://doi.org/10.2307/2505502.

[vi] «In the modern world (…) historians perform two complementary tasks. They must examine all the sources relevant to the solution of a problem and construct a new narrative or argument from them. The footnote proves that both tasks have been carried out. It identifies both the primary evidence that guarantees the story’s novelty in substance and the secondary works that do not undermine the novelty in form and thesis. By doing so, moreover, it identifies the work of history in question as the creation of a professional.» Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History, pp. 4-5. (Todas as traduções foram feitas pelos autores para esta recensão).

[vii] «(...) footnotes appear in enough forms to challenge any taxonomist's ingenuity.» ibid. p. 11.

[viii] «(...) when, where, and why historians adopted their distinctively modern form of narrative architecture (…)» ibid. 33.

[ix] «(…) precise citation comes with professionalization.» ibid. 30.

[x] «[Ranke] created and dramatized a new practice, based on a new kind of research and made visible by a new form of documentation. (...) Living up to [this ideal of discovery and presentation] meant (…) producing a large and informative apparatus, a set of juicy footnotes that the next scholar could productively squeeze—as Ranke indicated, implicitly, when he had his secretary read aloud extracts not from the text, but from the footnotes, of Droysen’s History of Prussia (...)» ibid. 56.

[xi] «Advertência sobre as notas / Juntei algumas notas a esta obra de acordo com o meu hábito preguiçoso de trabalhar de modo desorganizado. Estas notas por vezes afastam-se bastante do tema por dificultarem a leitura do texto. Logo, remeti-as para o fim do Discurso, no qual fiz o meu melhor por seguir pela via mais correcta. Aqueles que tiverem a coragem de recomeçar, poderão divertir-se uma segunda vez a abrir caminho e tentar percorrer as notas; mas não há mal nenhum se os outros não as lerem de todo.» [«Avertissement sur les notes / J’ai ajoûté quelques notes à cet ouvrage selon ma coutume paresseuse de travailler à bâton rompu. Ces notes s’écartent quelquefois assés du sujet pour n’être pas bonnes à lire avec le texte. Je les ai donc rejettées à la fin du Discours, dans lequel j’ai tâché de suivre de mon mieux le plus droit chemin. Ceux qui auront le courage de recommencer, pourront s’amuser la seconde fois à battre les buissons, et tenter de parcourir les notes ; il y aura peu de mal que les autres ne les lisent point du tout.»]. Veja-se Jean-Jacques Rousseau, «Discours sur l’origine et les fondemens de l’inegalité parmi les hommes,» in Jean-Jacques Rousseau. Œuvres Complètes, ed. Bernard Gagnebin e Michel Raymond. Vol III, Du Contrat Social - Écrits Politiques (Paris: Éditions Gallimard, 1966), p. 128.

[xii] «(...) on the bottom of the page.» Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History, p. 116.

[xiii] «Footnotes, in short, spread rapidly in eighteenth-century historiography in part because they were already trendy in fiction.» ibid. p. 121.

[xiv] «(...) the gloss with which de Thou had refused to encrust his eloquent prose.» ibid. p. 140.

[xv] «The Antlike Industry of Ecclesiastical Historians and Antiquaries» ibid. p. 148.

[xvi] «(...) avowedly based on erudite research, and sometimes so large in scale as to require collaboration.» ibid. p. 157.

[xvii] «Yet the antiquaries did not provide anything like a full literary model for their secular successors. When they wrote about historical problems, for the most part, they produced not annotated narratives but unannotated arguments. The sources to be discussed and the alternate theses to be refuted were quoted and analyzed in the text proper. And even the occasional presence of footnotes or glosses (…) did not stem from a clear separation between text and apparatus.» ibid. pp. 187-188.

[xviii] «(...) their methodical criticism provided the model for the analytical, though not the narrative, procedures (…)» ibid. p. 187.

[xix] «(...) Abysses of Erudition (…)» ibid. p. 190.

[xx] «(...) not only has footnotes, but largely consists of footnotes, and even footnotes to footnotes.» ibid. p. 191.

[xxi] «(...) a massive effort to subvert all certainties.» ibid. p. 196.

[xxii] ibid. p. 16, nota 30.

[xxiii] «(Noel Coward made the same point more memorably when he remarked that having to read a footnote resembles having to go downstairs to answer the door while in the midst of making love).» Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History, pp. 69-70.

[xxiv] «(...) when woven together, these strands [of research] make up a story as full of unexpected human and intellectual interest as many more famous episodes in intellectual history.» ibid. p. viii.

[xxv] «Historical texts are not simply narratives like any other; they result from the forms of research and critical argument that footnotes record. But only the literary work of composing such notes enables the historian to represent, imperfectly, the research that underpins the text. To study the footnote is to see that strict efforts to distinguish history as art from history as science have only their neatness to recommend them.» ibid. p. 233.

* Centro de História da Universidade de Lisboa. 

REFERÊNCIA:

Grafton, Anthony. The Footnote. A Curious History. Londres: Faber & Faber, 1997.