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Ana Isabel Soares

55. Tempo e Conceitos em Hans Ulrich Gumbrecht

55. Tempo e Conceitos em Hans Ulrich Gumbrecht

Ana Isabel Soares

Entre as páginas do exemplar de Produção de Presença que tenho comigo, guardo duas folhas, com impressões a cores de outros tantos artigos que Hans Gumbrecht publicou n’O Estado de São Paulo, em fevereiro e em março de 2009. Um debruça-se sobre “A crise de um futebol sem rosto”, título que discute a fraca prestação da seleção canarinha nos jogos de preparação para o Mundial de 2010; no outro artigo, anterior àquele, em pouco mais de três colunas, traça-se o quadro de uma cultura desaparecida: o ideal comunista de Leon Trotsky. 

11. Rosa Maria Martelo, O Cinema da Poesia

11. Rosa Maria Martelo, O Cinema da Poesia

Por Ana Isabel Soares

Irei por partes. Começo pelo título: talvez o passo mais audaz neste livro tenha sido a sua escolha. Nele, não hesitou a autora em reconhecer a dívida a Harold Bloom (a quem refere, na utilíssima e muito extensa bibliografia, só excedida em serventia, interesse e pertinência de manuseio pelo quantas-irritantes-vezes esquecido índice onomástico), e, com isso, em inscrever-se a si mesma numa tradição de registo académico que, por sua vez, e tal como se propõe em O Cinema da Poesia, trata a própria tradição poética. A própria de Portugal. É um bom passo...

6. Jacques Rancière, Os Intervalos do Cinema

6. Jacques Rancière, Os Intervalos do Cinema

Por Ana Isabel Soares

O fulcro temático de Os Intervalos do Cinema (título tão ambíguo quanto preciso) é a ideia de intervalo — dos espaços que se constituem entre uma coisa e outra, preenchidos ou preenchíveis com sucessivas tentativas de entendimento do que rodeia esses interstícios. É neles, nesses intervalos, que o autor se coloca, talvez não tanto para conhecer o espaço entre um lugar e outro, mas para ficar de fora de ambos; para, estando de fora, desconhecer e poder, a partir daí, investigar. É um modo de auto-pedagogia: sair do campo, seguir em sentidos diferentes e olhar sempre para o sentido por onde não se vai. Rancière pretende ser o ignorante cuja mestria está em apanhar o conhecimento quando este baixa a guarda; ou seja, nos espaços e nos momentos intervalares.