Hugo Pinto Santos
Depois de alguma juvenília (Poema Seis, O Meu Nome e A Noite, Sobregelofino, ainda assinados como Luís Brito Pedroso) e de poemas dispersos nas revistas Criatura e Piolho, Romance ou Falência é o sucessor de Princesas Dianas & Anti-Heróis (2009, Ed. do Autor). Relativamente ao anterior, o presente livro de L. Pedroso apresenta um progresso notório. Além de desbastar alguma rugosidade ainda notada nesse registo (e que surgia, como é natural, ainda mais evidente em volumes anteriores), depõe certo desgoverno metafórico que obstava a alguns poemas.
Hugo Pinto Santos
Ainda será possível «fazer literatura com o revólver no bolso» (Richard Huelsenbeck)? Sim, porque a revolta e desobediência de Tzara & companhia perduram naqueles cujas antenas receptoras não calcificaram, os que não assimilaram o esquema evolutivo que prescreve a abolição e a consequente integração das vanguardas nos sistemas da arte. Se é esta a função delas, não é esse o destino irrevogável dos autores que se movem nas franjas de considerandos como o que prevê que a uma ruptura tenha de se seguir a sutura. No plano da poesia portuguesa, um nome assoma que agrega, de forma magnética, todos esses hipotéticos estilhaços: Alberto Pimenta.
Hugo Pinto Santos
Quem pode – questiona algures Dostoievski – conhecer-se a si próprio e respeitar-se? Esta interrogação podia ser o antepassado mais ou menos afastado de todas as castas de abjeccionismo. Até dos que, realmente, não o são. A autodepreciação que se pode intuir no narrador e nas efabulações de Um Bárbaro em Casa seriam, quando muito, uma declinação irónica e contida, reflexiva mas desprendida, dessa antiguidade. Essa prerrogativa advém-lhe de algo que tem que ver com os seus constituintes internos, com a sua engenharia profunda, se for possível exprimir assim o que está longe dessa tentativa de terminologia tão-só aproximativa. Onde talvez pudéssemos escavar a raiz destes escritos, existe um esfacelamento de géneros que, neste caso, se revelou eximiamente profícuo.