Paulo Nóbrega Serra
No dia 25 de Fevereiro de 1980, o linguista, filósofo e crítico literário Roland Barthes é vítima de um atropelamento. Morre um mês depois, no seu quarto de hospital, no dia 26 de Março de 1980 — data conforme à realidade —, não em resultado do acidente, mas vítima de um assassinato, desta vez bem sucedido. Enquanto o título da obra refere aquilo que seria a mais recente descoberta de Barthes, a sétima função da linguagem, o subtítulo, «Quem matou Roland Barthes?», procura evidenciar a natureza de thriller policial do livro. Contudo, à medida que avançamos na leitura, a narrativa evidencia-se mais como sátira do que como mistério. Laurent Binet caminha numa linha ténue entre o popular e o erudito: se por um lado joga com uma série de códigos e referentes (como no caso da sociedade secreta, as senhas de entrada, os espiões, o sexo), por outro tudo é subvertido por meio da sátira, ainda mais porque a intriga assenta num tema obscuro (intencionalmente?), que parece pouco explicado, ou pelo menos de forma pouco convincente, e move-se entre uma série de referências que só alguns leitores irão captar numa primeira leitura mesmo que desatenta.