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Amanda Santos

245. Éric Rohmer, Le Genou de Claire

245. Éric Rohmer, Le Genou de Claire

Amanda Santos

O cinema de Éric Rohmer é frequentemente identificado pelo predomínio da fala e do diálogo entre personagens. «Um filme rohmeriano é um em que as pessoas falam, e falam muito», diz Richard Brody para a New Yorker.[1] É um mundo em que «a fala é ação», descreve Molly Haskell.[2] Entretanto, ao reassistir O joelho de Claire (Le Genou de Claire, 1970), mais do que a prevalência da fala, interessou-me o contraste entre a linguagem das palavras e aquela do corpo, entre o que é dito e o que é feito; como se a construção intrincada que os personagens fazem sobre si mesmos, sobre os próprios desejos, se desmontasse a partir de gestos simples, pelo modo como se movem diante da câmera. Em O joelho de Claire, um homem pode reiteradamente dizer que não se interessa mais por mulher alguma além da própria noiva, e logo em seguida abraçar e acariciar sua amiga ambígua, tentar beijar uma adolescente, ou observar obsessivamente outra menina.