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Ana Cláudia Santos

101. Annie Ernaux, Mémoire de Fille

101. Annie Ernaux, Mémoire de Fille

Ana Cláudia Santos

Uma das premissas de Mémoire de fille, o livro mais recente de Annie Ernaux, é a de que este levou quase sessenta anos para poder ser escrito. O livro é a memória da «rapariga de 1958» (p. 17), que Annie Ernaux diz ter tentado esquecer: ela aos dezoito anos. Além de nunca a ter conseguido esquecer, a escritora francesa cedo se apercebeu da necessidade de escrever sobre ela. O «projecto 58» (p. 17) rapidamente se esboça, mas até à sua concretização, com Mémoire de fille, Annie Ernaux publica mais de uma dezena de livros, em que faz silêncio sobre os acontecimentos do Verão dos seus dezoito anos. Saber que relação existe entre os acontecimentos e o silêncio é talvez menos interessante do que reconhecer a importância do «projecto 58» para Annie Ernaux — isto é, reconhecer a sua crença na verdade daquela rapariga e a importância dela para a sua vida de escritora.

70. Elena Ferrante, L'amica geniale (IV vols.)

70. Elena Ferrante, L'amica geniale (IV vols.)

Ana Cláudia Santos

Muito do que se tem escrito sobre Elena Ferrante conflui, mais cedo ou mais tarde, em reflexões acerca da natureza da ficção e das contaminações necessárias entre os géneros do romance e da autobiografia. Tal não se deve apenas ao facto de “Elena Ferrante” ser um pseudónimo e de a autora que assina com esse nome se recusar a dar uma cara e uma identidade ao nome; todos os seus livros até à data são protagonizados e narrados por mulheres que apresentam entre si vários pontos de contacto.

34. Adam Phillips, Becoming Freud: The Making of a Psychoanalyst

34. Adam Phillips, Becoming Freud: The Making of a Psychoanalyst

Ana Cláudia Santos

Em conversa com Paul Holdengräber, Adam Phillips declara que a melhor forma de ler Freud é encará-lo não como “um cientista da mente humana” mas como um romancista, considerando que, de um ponto de vista psicanalítico, o poder evocativo dessa leitura (aquilo que se faz dela) é mais importante do que o conhecimento que possa proporcionar. O que faz Adam Phillips de Freud? Como é evocado o fundador da psicanálise em Becoming Freud: The Making of a Psychoanalyst?