Daniel Pérez Fajardo
A cidade de Paris sabe muito bem habitar as contradições próprias de uma grande urbe, como também dos tempos modernos que nela nasceram. Indício disso é a atual exposição oferecida pelo Musée des Beaux-Arts de la Ville de Paris focada na obra do artista Jean-Baptiste Greuze. O andar inferior do edifício cuja academia repudiava o artista é hoje adornada com uma curadoria notável que chama o visitante a se aproximar, se calhar, do lado mais íntimo e complexo da obra do artista: a infância. A exposição «Greuze, l’enfance en lumière» aprofunda numa obra cheia de matizes que bem podem ser índice da redenção do artista nos círculos da academia francesa ou, por outro lado, uma condenação subtil, mas, quase definitiva. A ambivalência abunda na casa das musas de Paris, coisa que bem pode abrumar o visitante pouco habituado às subtilezas.
