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Joana Meirim

153. Alberto Pimenta, Nove Fabulo, O Mea Vox / De Novo Falo, a Meia Voz

153. Alberto Pimenta, Nove Fabulo, O Mea Vox / De Novo Falo, a Meia Voz

Joana Meirim

Nove fabulo, o mea vox / De novo falo, a meia voz, título do livro de Alberto Pimenta editado em 2016, sugere desde logo que alguém, que esteve em silêncio durante algum tempo, volta agora a falar, e que essa fala é a meia voz, uma voz menos audível, que parece ter perdido força. Significa isto que o poeta tem menos para dizer? Não, significa antes, como tentarei mostrar ao longo desta recensão, que o registo menos audível, mais melancólico e resignado se adequa aos tópicos que Alberto Pimenta elege como linhas de força deste seu livro de poemas: a passagem do tempo, o envelhecimento e a inevitabilidade da morte.

95. Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, Correspondência (1949-1978)

95. Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, Correspondência (1949-1978)

Joana Meirim

José Saramago, num obituário intitulado «Sena», publicado no Diário de Lisboa a 12 de Junho de 1978, conta-nos que travou conhecimento com Jorge de Sena através da troca de cartas. Apesar de a maioria ser de natureza editorial, Saramago assinala que a personalidade de Sena é a principal razão de ser para a existência desta correspondência: «quem alguma vez recebeu carta de Jorge de Sena, sabe que nela sempre esteve, além do motivo imediato que a justificasse, um outro motivo que em todas obsessivamente se exprimia: o autor delas» (Saramago 1978, 487).

32. Adília Lopes, Manhã

32. Adília Lopes, Manhã

Joana Meirim

A toponímia lisboeta costuma ser a guardiã da memória póstuma de muitos poetas. Se muitos são indissociáveis das ruas a que deram o seu nome, há outros que estão ligados à topografia e, felizmente, não por terem o nome de uma rua. Qualquer habitante da zona de Arroios, qualquer cliente assíduo do café-restaurante Danúbio ou da Tarantela, ao largo de Neptuno, já terá reparado na figura de Adília Lopes. Vivi mais de duas décadas na rua José Estêvão e observei várias vezes esta figura, antes mesmo de saber que a Adília é uma poetisa (conhecimento que devo ao Herman José, que a entrevistou num programa em 2001). Depois do programa do Herman, a rua José Estêvão passou a ser, pelo menos para mim, a rua da Adília Lopes.