Maria de Almeida Alves
Em 1985, estreia Brazil, filme que conta com três argumentistas: Terry Gilliam — que o realiza —, Charles McKeown e Tom Stoppard. Recentemente reposto em dois cinemas lisboetas, é apresentado enquanto Brasil: O outro lado do sonho. Inusitadamente, dadas as traduções imaginativas a que nos vimos habituando nas salas de cinema portuguesas, o nome assenta-lhe. Submergimos num mundo desarrazoado, constantemente ameaçado por bombas ditas terroristas, no qual um regime totalitário se impõe através de uma máquina burocrática computorizada. Tendo presente a década em que o filme foi realizado, percebe-se que as máquinas de escrever façam parte do elenco, e, como tal, estejam lá quando uma barata esvoaça pela sala e é espalmada no tecto por um dos burocratas, caindo numa das máquinas e esborratando um nome que, de «Tuttle», passa a «Buttle», cumprindo a devida vénia a Kafka.