Frederico Pedreira
George Saunders, reconhecido autor de vários livros de contos (entre os quais Dez de Dezembro [Ítaca, 2016] e Pastoralia [Antígona, 2017]), publicou o seu primeiro romance, Lincoln no Bardo, um livro manifestamente excêntrico. Esta obra mereceu vários elogios, em recensões publicadas, por exemplo, no The Guardian e no The New York Times. Em Portugal, o livro saiu pela Relógio D’Água (com tradução de José Lima) no mesmo ano em que foi originalmente publicado nos Estados Unidos. Também no nosso país tem sido merecedor de iguais elogios, sobretudo pela inovação contida na sua narrativa.
FREDERICO PEDREIRA
Um dos valores mais evidentes da poesia do escritor catalão Joan Margarit (Sanaüja, 1938) revela-se no jogo táctico e decoroso que o autor mantém com a ideia de tempo. É na consideração do tempo enquanto ideia simultaneamente difusa e capaz de uma concentração emocional irradiante que o poeta encontra o tom particular da sua expressão. O espaço do poema, mais do que um motivo de revisitação do passado, é uma espécie de homenagem à possibilidade de recomeço que o momento da escrita sempre promete, e Margarit presta esta homenagem através de um trabalho apurado e vigilante de rememoração.
Frederico Pedreira
O nome do poeta norte-americano John Berryman (1914-1972) poderá não dizer muito ao público português. Figura fragilizada, com um percurso de vida acidentado, Berryman foi professor universitário nas universidades de Princeton, Harvard, Iowa e Minnesota, tendo publicado dois livros que são representantes dos seus interesses e do comprometimento sério com assuntos literários: Berryman's Shakespeare e Stephen Crane: A Critical Biography. Diz-nos a nota biográfica das 77 Oníricas: “[m]aníaco-depressivo e alcoólico, assombrado pelo suicídio do pai e por uma vida conjugal tumultuosa, John Berryman atirou-se de uma ponte sobre o Rio Mississípi a 7 de Janeiro de 1972.”