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Marana Borges

136. Gauguin L'alchimiste. 11 de Outubro de 2017 – 22 de Janeiro de 2018

136. Gauguin L'alchimiste. 11 de Outubro de 2017 – 22 de Janeiro de 2018

Marana Borges

Mulheres de pele morena à beira do mar. Algumas vezes sentadas, outras vezes em pares, compondo um plano de formas sinuosas e cores quentes. São tais imagens que nos vêm à tona ao falar de Paul Gauguin (1848-1903). O vocabulário para descrever o artista francês em geral acantona-se em poucas palavras: trópicos; Tahiti; exotismo. Posicionar-se contra esse reducionismo é o ponto forte de Gauguin, L'Alchimiste, exposição no Grand Palais que reúne duzentas e trinta obras, com empréstimos especiais do National Galery of Art (Chicago), do museu D'Orsay (Paris) e do Pushkin State Museum of Fine Arts (Moscou).

106. Tzvetan Todorov, Les Abus de la Mémoire

106. Tzvetan Todorov, Les Abus de la Mémoire

Marana Borges

Todorov (Sófia, 1939 – Paris, 2017) foi um homem que acreditou em outros homens. Um esperançoso, diriam alguns. Ou um humanista. Talvez por isso tenha aos poucos migrado da Literatura — campo em que se consagrou ao traduzir os principais textos do formalismo russo do início do século XX — para a Antropologia, a História das Ideias e a Política: parecia fazer um acerto de contas com sua juventude na Bulgária comunista, dispondo-se a criticar os totalitarismos e a examinar outras formas de conviver em sociedade. Sua aposta pela busca da justiça, em última instância, encurralaria os Estudos Literários em uma dimensão moralmente edificante.

96. Andrew Haigh, 45 Years

96. Andrew Haigh, 45 Years

Marana Borges

É uma manhã cinzenta, como são as manhãs inglesas, com poucos contrastes de cor (e de emoções). Verde escuro, tonalidades de marrom, cinza. O céu nublado distingue-se do chão de relva mais por nuance que por oposição. Nesse demorado plano geral, acompanhamos de longe o passeio campestre de uma mulher ao encontro de seu cachorro, sempre à frente, sempre fora do alcance. O começo resume a ideia do filme: é sobre distâncias que ele nos falará — entre um casal de idosos sem filhos; entre quem pensamos ser e quem nos descobrimos sendo; aquilo que julgamos conhecer do outro e o que o outro mesmo desconhece sobre si; onde estamos hoje e o que escolheríamos para nossas vidas quando ainda não era tarde demais.

87. Picasso-Giacometti

87. Picasso-Giacometti

Marana Borges

«Ele me fascina, me fascina como um monstro.»* É assim que Alberto Giacometti (1901-1966) fala sobre Pablo Picasso (1881-1973) a Stravinsky, lembrando a amizade que tiveram em Paris durante a Segunda Guerra Mundial. Também é exatamente este o tom da exposição Picasso-Giacometti, no Museu Picasso de Paris: uma tentativa de evidenciar a amizade entre ambos que termina por tecer uma relação essencialmente assimétrica. Da obra de Giacometti ficamos com uma visão pouco elogiosa, enquanto o espanhol de Málaga instaura-se como um gênio assombroso e incomparável.

77. Montanha, João Salaviza

77. Montanha, João Salaviza

Marana Borges 

Ele dorme. A pouca luz que escapa quarto adentro basta para anunciar o dia, entorná-lo sobre as suas costas de garoto, insinuar na cintura a beleza oblíqua da adolescência. Todo o filme é essa pintura de um verão passado às sombras. Porque faz calor; é preciso salvar-se. Mas também é preciso salvar-se dos outros, e a penumbra é a que melhor alberga as formas, os corpos, os medos.