Lauro Reis
O filme mais recente de Bong Joon-Ho procura transportar a dinâmica entre parasita e hospedeiro para um contexto humano. Uma família desempregada de quatro (pai, mãe, filho, filha), sobrevivendo numa cave, roubando internet de cafés e dobrando caixas de pizza, depara-se com a oportunidade de anexar-se à vida de outra família, explorando e consumindo os recursos da família hospedeira.
João N.S. Almeida
Já é sabido que Joker, um projecto do realizador Todd Phillips e de Joaquin Phoenix, entre outros, não é o típico comic book movie. Será mais correcto descrever o filme como pertencente ao sub-género dramático de filmes sobre psicopatas, como Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976) e Silence Of The Lambs (Jonathan Demme, 1991), ambos com Jodie Foster — sendo que o primeiro inspirou o atentado contra o presidente Ronald Reagan, em 1981 — assim como Psycho (Alfred Hitchcock, 1960), A Clockwork Orange (Stanley Kubrick, 1974), Blue Velvet (David Lynch, 1986), M (Fritz Lang, 1931), entre outros.
António Marques Pereira
Por esta altura já todos conhecemos os «tiques» de Quentin Tarantino e, de modo mais ou menos condescendente, aceitamo-los sem fazer grande caso. Sabemos do seu gosto auto-indulgente pelas referências e pelo pastiche (que por vezes chega ao ponto de nos dar a sensação de que ele está a fazer o equivalente a mostrar-nos a sua página do Mubi), e sabemos da imaturidade do seu sentido de humor (nem The Hateful Eight (2015), um dos filmes mais maduros do seu repertório, escapou a momentos juvenis como o do infame «warm black dingus»); mas também sabemos da qualidade inquestionável de um realizador que produz clássicos com regularidade e que a influência desses vícios particulares na sua arte nunca é problemática ao ponto de prejudicar o produto final (poder-se-ia mesmo dizer que, pelo contrário, é um dos ingredientes do seu estilo tão característico, precisamente o que estimamos nele).
Telmo Rodrigues
No contexto contemporâneo, uma enciclopédia ou dicionário novos representam acima de tudo uma lista bibliográfica actualizada sobre determinada área de interesse. Essa visão empobrecida ameaça qualquer empresa como a proposta por Comportamento e Saúde Mental: Dicionário Enciclopédico, que, como outros projectos similares, preserva a ambição de ser de alguma forma enriquecedor. A facilidade no acesso à informação fez com que se perdesse «a segurança da informação, pois as fontes se tornaram demasiadamente voláteis» (p. 506) e, num movimento contra-intuitivo, reavivou a necessidade de manuais cientificamente fidedignos, pelo que o sentido de oportunidade para esta edição é perfeito.
Inês Morais
Plato famously set the challenge, in the Republic, for poets and lovers of poetry to defend poetry and its contribution for a well-governed society, if poetry is to “return from exile”:
But nevertheless let it be declared that, if the mimetic and dulcet poetry can show any reason for her existence in a well-governed state, we would gladly admit her, since we ourselves are very conscious of her spell. But all the same it would be impious to betray what we believe to be the truth. Is not that so, friend? Do not you yourself feel her magic and especially when Homer is her interpreter?