Viewing entries tagged
James Dias

206. Joana Meirim (ed., org. e intro.), «Diz-lhe Que Estás Ocupado»: Conversas com Alexandre O’Neill

206. Joana Meirim (ed., org. e intro.), «Diz-lhe Que Estás Ocupado»: Conversas com Alexandre O’Neill

James Dias

Em 2003, Laurinda Bom publicou um livro que, até há pouco tempo, era o que mais se aproximava a um livro de entrevistas dadas por Alexandre O’Neill, intitulado Alexandre O’Neill. Passo Tudo pela Refinadora. Para além de duas entrevistas concedidas a Adelino Gomes e Joaquim Furtado em 1983, Bom organizou algumas das respostas de O’Neill por temas, como «Poesia»; «Surrealismo»; «“Parentela” poética»; «Publicidade»; «Sociedade e consumo»; «Crítica»; «Vária». O maior problema com esta organização é que se parece mais com um conjunto de ditos de O’Neill, do que com uma reunião de conversas.

203. Jarvis Cocker, Good Pop, Bad Pop: An Inventory

203. Jarvis Cocker, Good Pop, Bad Pop: An Inventory

James Dias

O primeiro livro de Jarvis Cocker é um memoir num sentido diferente do normal. Parte dos objectos que ele foi guardando num sótão durante 20 anos para memórias suscitadas pelos mesmos. Para mostrar estes objectos, Cocker faz uso de uma espécie de jogo com o leitor (e no qual a maioria das pessoas já teve de participar a dada altura da sua vida): decidir se vai guardar um objecto ou deitá-lo fora: «Até podemos fazer disto um jogo – chamemos-lhe “Guardar ou deitar fora”.»

198. Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History

198. Anthony Grafton, The Footnote. A Curious History

James Dias

Filipe Marques Fernandes

Publicado simultaneamente pela Harvard University Press e pela Faber and Faber, o livro de Grafton mergulha num campo de interesse historiográfico escassamente povoado e representa uma primeira tentativa de ensaio global sobre a origem da nota de rodapé, pretendendo colmatar as lacunas deixadas pelos estudos esparsos que compunham a bibliografia disponível. Desengane-se, contudo, quem pretenda encontrar neste tratado uma história geral da referenciação infrapaginal. A obra, que no presente ano cumpre 25 anos da publicação do texto original, contou com diferentes traduções, cujos títulos restringiram significativamente a abrangência do objecto, incrementando a sua especificidade. A organização da obra denuncia a intenção de traçar uma árvore genealógica da prática de anotação em rodapé. Grafton não procura oferecer um sistema fechado sobre a sua origem, mas antes conduzir o leitor num caminho inversamente cronológico através de uma estratificação temporal transposta para uma narrativa antológica, em que cada anedota conta um passo substancial no devir da nota de rodapé no campo da história.

182. William Sieghart, The Poetry Pharmacy: Tried-and-true Prescriptions for the Heart, Mind and Soul

182. William Sieghart, The Poetry Pharmacy: Tried-and-true Prescriptions for the Heart, Mind and Soul

James Dias

Há algo de perverso em recomendar um poema a alguém. Recomendar algo a alguém parece inocente. Achamos que uma pessoa poderá gostar de algo de que nós também gostamos. Se gostámos de um poema, de um filme, ou de um restaurante, é natural que queiramos partilhá-lo com alguém de quem gostamos; queremos que essa pessoa também goste daquela coisa. O problema com isto é acharmos (e desejarmos) que a outra pessoa goste da coisa da mesma forma que nós gostamos, que repare no que nós reparámos. Há uma diferença entre apontar para algo e apontar para algo e explicar exactamente para onde estamos a apontar. Diferente ainda é achar que, por explicarmos exactamente para onde estamos a apontar, a pessoa consegue ver o que nós vemos.