Viewing entries tagged
Tomás N. Castro

132. Daniil Trifonov, Chopin Evocations

132. Daniil Trifonov, Chopin Evocations

João Esteves da Silva & Tomás N. Castro

Daniil Trifonov é o pianista que importa ouvir hoje. Aos 26 anos, o músico de origem russa é inquestionavelmente o nome da nova geração pianística que mais tem surpreendido audiências e persuadido jurados de concursos. Sobre ele, Martha Argerich — uma das maiores pianistas vivas — disse nunca ter ouvido nada assim, e também a crítica não tem sido parca em elogios. Depois de ter estudado em Moscovo com Tatiana Zelikman, muda-se para os Estados Unidos da América, onde ainda vive, e tem estudado com Sergei Babayan em Cleveland. Em 2010, numa edição notável da Competição Internacional de Piano Chopin em Varsóvia, desperta as atenções ao obter o terceiro prémio e o galardão de melhor performance de mazurcas. No ano seguinte, ganha num curto espaço de tempo os primeiros prémios nas competições internacionais Arthur Rubinstein (Tel Aviv) e Tchaikovsky (Moscovo), assim como uma série de outras distinções associadas a estes concursos. Além dos estudos formais de piano, desde cedo revela um interesse particular pela composição, cujos frutos começam já a manifestar-se: prova disso é a Rachmaniana, uma peça para piano solo cujo nome descortina a sua evidente inspiração, e o seu próprio concerto para piano e orquestra, que tem sido apresentado em numerosas ocasiões.

 

128. Ruben Östlund, The Square

128. Ruben Östlund, The Square

Tomás N. Castro

Uma jornalista americana vai entrevistar o curador-chefe do X-Royal Museum, um museu de arte contemporânea instalado num palácio no centro de Estocolmo. Desajeitada, e pouco familiarizada com a realidade sobre a qual tem que escrever, começa as suas questões por generalidades. Os maiores desafios de um grande museu como este, fica-se logo a saber, são económicos; apresentar arte contemporânea, produções «absolutamente» de ponta, exige fundos significativos e a competição — informa-nos Christian (Claes Bang), o curador — é feroz. A entrevista decorre numa das assépticas salas de exposição, que tem uma parte do chão ocupada por pequenas pilhas de gravilha (ou detritos similares) e uma parede onde está um letreiro iluminado (que tanto poderá ter uma existência autónoma como fazer parte da lógica dos amontoados).

120. Lena Essling (Ed.), Marina Abramovic: The Cleaner

120. Lena Essling (Ed.), Marina Abramovic: The Cleaner

Tomás N. Castro

Este Verão, quem tiver visitado — na margem dinamarquesa do estreito de Øresund — o Louisiana Museum of Modern Art encontrou, além de um notável acervo de artistas como sejam Alberto Giacometti ou Asger Jorn, duas grandes retrospectivas: uma, a exposição que documentava a obra de Tal R (n. 1967), pintor conhecido sobretudo pelo seu trabalho como professor de pintura em Düsseldorf; a outra tratava-se da primeira grande mostra europeia da produção de Marina Abramović (n. 1946), apresentando mais de 120 obras (em suportes muito variados) que percorrem sensivelmente cinco décadas de trabalho da mediática performer de origem sérvia.

108. Eduardo Cintra Torres, Telenovela, Indústria e Cultura, Lda

108. Eduardo Cintra Torres, Telenovela, Indústria e Cultura, Lda

Tomás N. Castro

As telenovelas são um passatempo nacional que conta já com quatro décadas de história. Apesar da «baixeza de cultura» e da «fraqueza dos diálogos» — críticas sempre pertinentes das altas esferas da intelectualidade pátria —, a televisão generalista (descontando, por isso, o cabo) emite uma média de 2500 horas anuais destes produtos sucedâneos do folhetim oitocentista. Tomando as audiências de um dia ao acaso (19/04/2017), na relação dos cinco programas mais vistos encontramos, por ordem crescente do número médio de espectadores: duas telenovelas (c. 800 mil), um telejornal (c. 1 milhão) e outras duas telenovelas (c. 1,2-1,3 milhões; numa lista das 20 telenovelas mais vistas em Portugal desde o início deste século, os valores diários oscilam entre c. 1,1-1,6 milhões; vd. pp. 109-112). Tudo isto num país em que um livro que venda mais de 10 mil exemplares é considerado um bestseller (contra os 30 mil anteriores ao actual decréscimo das tiragens).

90. Hans Ulrich Obrist, com Asad Raza, Ways of Curating + David Balzer, Curationism: How Curating Took Over the Art World and Everything Else

90. Hans Ulrich Obrist, com Asad Raza, Ways of Curating + David Balzer, Curationism: How Curating Took Over the Art World and Everything Else

Tomás N. Castro

A Art Basel é uma das principais feiras de arte da actualidade; todos os anos o evento tem lugar na sua cidade natal — Basileia, na Suíça — e, adicionalmente, em três outras cidades; uma das localizações da feira onde o volume de negócios é assaz significativo e onde estão presentes galerias e coleccionadores poderosos é Miami Beach, na Florida. Na edição de 2013, quem esteve pelas praias da costa do Atlântico pôde ver, durante os dias que durou o importante evento, uma pequena avioneta alugada que fazia voar fitas com mensagens; mas, ao invés da habitual publicidade a festas em discotecas, estas fitas continham um tipo de preces muito invulgares: numa delas, por exemplo, lia-se «HANS ULRICH OBRIST HEAR US»