Viewing entries tagged
Helena Carneiro

137. E a Minha Festa de Homenagem? Ensaios para Alexandre O’Neill

137. E a Minha Festa de Homenagem? Ensaios para Alexandre O’Neill

Helena Carneiro

Este é um livro de ensaios no verdadeiro sentido do termo, com direito a notas de rodapé e citações devidamente referenciadas na bibliografia que acompanha a maior parte dos textos. É um livro académico, escrito por académicos. Além disso, resulta de uma actividade estritamente académica: a realização de conferências sobre um dado tema ou autor, neste caso um colóquio comemorativo dos trinta anos da morte de Alexandre O’Neill.

119. A. Scott Berg, Max Perkins: Editor of Genius

119. A. Scott Berg, Max Perkins: Editor of Genius

Helena Carneiro

Em 2016 estreou o filme Genius, de Michael Grandage, sobre o editor norte-americano Max Perkins. A ênfase do filme recai na sua relação com o escritor Thomas Wolfe, não deixando de haver referências aos dois outros escritores mais famosos com quem Perkins trabalhou: F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Quem vê o filme à procura de uma descrição detalhada do trabalho de Perkins, não a encontra. Embora existam momentos em que se veja o modo como Perkins trabalha — a leitura dos manuscritos nas viagens de comboio diárias entre Nova Iorque, onde trabalhava na sede da Charles Scribner’s Sons, e New Canaan, onde morava; os conselhos técnicos a Wolfe acerca da extensão dos seus manuscritos; o uso abundante do lápis vermelho —, fica-se com a sensação de que o que nos foi mostrado é insuficiente. O filme tem, no entanto, duas virtudes para quem se interessa pelo trabalho de edição: dar a conhecer, a quem o desconhecia, este editor; fornecer indicações para quem quer saber mais: o filme é baseado na biografia de Perkins que A. Scott Berg escreveu em 1978.

76. Alice Munro, Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento

76. Alice Munro, Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento

Helena Carneiro

Aceitar o que nos acontece não nos exime de responsabilidade; o truque está em percebermos que quaisquer que sejam os termos definidos, esses mudam no decurso do que vamos vivendo. As tentativas de equilíbrio e controlo que fazemos são para lidar com o que inevitavelmente teve de ser deixado para trás e com o que inevitavelmente nos deixou para trás. Munro sabe que não há acordos possíveis com o universo, apenas connosco.

56. Sarah Manguso, Ongoingness: The End of a Diary

56. Sarah Manguso, Ongoingness: The End of a Diary

Helena Carneiro

Logo na primeira página, é anunciado que Ongoingness trata do diário que Sarah Manguso manteve durante vinte e cinco anos, e percebemos que o que se segue neste curto livro é uma série de reflexões sobre essa actividade de escrita. No Posfácio esclarece-se que não foi incluída qualquer entrada do diário, sendo indicadas as razões dessa decisão: Ongoingness não é sobre uma parte, mas sim sobre todo o diário (e seria impossível incluí-lo na totalidade, visto ter à data cerca de oitocentas mil palavras); o diário não foi escrito tendo em vista um público e, logo, a autora diz que não saberia como apresentá-lo a uma comunidade de leitores.

51. Lorrie Moore, Bark

51. Lorrie Moore, Bark

HELENA CARNEIRO

Segundo Northrop Frye, a comédia tem como elemento obrigatório um final feliz, momento em que é restabelecida uma ordem que se impõe contra o absurdo das situações que ocuparam a acção. Nos contos de Lorrie Moore reunidos em Bark a integração de situações absurdas ocorre sem qualquer resolução organizadora: no final de «The Juniper Tree», por exemplo, uma mulher atira uma tarte merengada contra a própria cara, sem que algo se siga a este evento – o artifício cómico é usado no final. Notando que outro dos contos, «Subject to Search», termina com a frase «Deixamo-nos todos levar por um final feliz» (p. 173), é possível questionar a convencionalidade inerente a finais felizes e perceber de que modo os finais de Moore podem ou não entrar na categoria da comédia.

43. Elena Ferrante, Crónicas do Mal de Amor

43. Elena Ferrante, Crónicas do Mal de Amor

Helena Carneiro

Ter acesso, num só volume, aos primeiros romances de um dado autor, cria a expectativa de se poder analisar a evolução da escrita desse mesmo autor. No entanto, em Crónicas do Mal de Amor – livro que reúne os três primeiros romances de Elena Ferrante, Um Estranho Amor (1991), Os Dias do Abandono (2002) e A Filha Obscura (2006) –, em vez de uma progressão, ou «desenvolvimento», aquilo com que nos deparamos assemelha-se ao modo como Philip Larkin classifica as obras de Barbara Pym: «Enquanto romances não demonstram qualquer desenvolvimento; o primeiro é tão ‘experiente’ quanto o último».